Esta é uma história tão antiga que se perde na noite do tempo.
Havia uma família de sete irmãos que moravam no sul do Brasil. Lá o inverno é muito rigoroso e intenso; e os filhos ajudam os pais nas tarefas do dia-a-dia.
Numa certa manhã, quando a geada cobria de branco os campos e o sol ainda não havia acordado, dois irmãos tiveram a incumbência de ir ao moinho. Por determinação dos pais, eles deveriam levar, cada um, alguns quilos de milho para moer e retornar logo para casa.
A distância era bastante longo e era preciso ir bem agasalhado para não pegar um forte resfriado. O caminho era lindo e distraia as atenções dos irmãozinhos.
Os dois caminhavam e tremiam de frio, mas como as sacolas não eram lá muito leves, e ambos andavam depressa, o exercício ajudava-s a aquecer o corpo. Mas como ainda era bem cedo, havia muita geada no caminho e era preciso tomar cuidado para não escorregar.
Depois de algum tempo chegaram ao moinho, e ali havia muitos passarinhos que moravam nas florestas próximas; pareciam procurar alguma coisa para comer. Como nada encontravam, piavam de frio e fome.
Ao verem Luíza com o saco de milho, olharam-na com certa tristeza; como se estivessem pedindo ajuda. Luíza não se conteve de dó e resolveu ajudá-los
Coitadinhos, Mário! Estou com vontade de jogar um pouco desse milho para eles. E sem dizer mais nada, atirou vários punhados de grãos, que logo foram recebidos com gratidão.
- O que você está fazendo, Luíza? disse Mário. E como ficará a farinha de nossa família? Vai voltar para casa sem nada e mamãe não vai gostar do que você fez.
Mas Luíza estava feliz e satisfeita vendo aqueles passarinhos famintos se fartando com seus grãos. Eles pulavam alegremente, pipilando e comendo as sementes com voracidade.
Muito feliz por ter praticado um bem, Luíza entregou o restante de seus grãos ao moleiro, já conformada com a ideia de que levaria pouca farinha para casa. Mas nem se preocupava com o castigo que poderia receber pelo que fizera.
Mas quando o moleiro voltou com os sacos de farinha para lhes entregar, qual não foi a surpresa que tiveram, o saco de Luíza estava bem mais cheio que o de Mário.
Vendo o espanto dos irmãos, o moleiro explicou:
- Não fiquem pensando que me enganei! Está tudo muito certo; o saquinho mais leve, mais vazio, é do Mário...; e continuou, não poderia deixar de premiar, com uma porção extra de farinha, esta boa menina que socorreu os passarinhos famintos. Pus no saquinho que ela levará, não um, nem dois, mas dez bons punhados a mais da minha farinha. Sabem o que aconteceu comigo ao ver a boa ação da Luíza? O bom Deus tocou meu coração e então decidi compensar o sacrifício feito por ela; e tem mais, a partir de hoje eu mesmo irei alimentar, durante todo o inverno, esses pobres passarinhos que aqui vem pedir comida.
Nicéas Romeo Zanchett
Como São Francisco de Assis, que sempre se compadeceu e ajudou os animais, precisamos ter compaixão para com todos eles.
Eles são nossos irmãos menores que fazem a alegria de toda a natureza criado por Deus.
Nicéas Romeo Zanchett http://gotasdeculturauniversal.blogspot.com
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