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terça-feira, 19 de abril de 2011

JOÃO E O PÉ DE FEIJÃO

             JOÃO E O PÉ DE FEIJÃO - Dos irmãos Grimm - Por Dinah M. Mulock Craik.
No tempo do rei Alfredo, muito longe de Londres, vivia  uma pobre viúva. Ela tinha um único filho, que  era preguiçoso e extravagante. Aos poucos, ele pôs fora todo o dinheiro que ela possuía. Um dia, pela primeira vez na vida, censurou-o: 
- Filho cruel! Não tenho mais dinheiro nem sequer para comprar um pedaço de pão. Só o que me resta é a minha pobre vaca.
João tanto amolou a mãe para vender a vaca, que ela acabou consentindo. 
Quando ele ia levando o animal, encontrou um açougueiro que propôs trocar a vaca por uns caroços de feijão que ele levava no chapéu  João, julgando ser isso uma grande oferta, aceitou a proposta e voltou para casa. 
Quando sua mãe viu os feijões por que ele havia trocado a vaca, perdeu a paciência. Apanhou os caroços  de feijão, atirou-os fora, pela janela, e pô-se a chorar. João tentou consolá-la, mas não o conseguiu. Como não tinha nada para comer, foram deitar-se com fome. 
João acordou cedo e viu que alguma coisa estava fazendo sombra na janela do quarto. Levantou-se, desceu as escadas e foi ao jardim. Aí verificou que os caroços, que sua mãe havia atirado pela janela tinham germinado e o pé de feijão crescera surpreendentemente  as hastes  eram muito grossas e tinham se entrelaçado como uma cadeia. estavam tão altas,  que davam a impressão de alcançarem as nuvens.
João, que gostava de aventuras, resolveu trepar na árvore que se formara, até atingir o alto. 
Depois de levar algumas horas subindo, chegou a um país estranho. Ali encontrou uma bonita moça, elegantemente vestida, carregando uma varinha branca, cujo castão era um pavão de ouro. 
Com um sorriso encantador, ela lhe perguntou como havia conseguido chegar até lá e ele lhe contou que subira pelo pé de feijão.
- Você se lembra de seu pai? lhe perguntou a moça.
- Não senhora. Mamãe sempre chora quando falo nele e não me diz nada, respondeu o menino.
- Sou a fada protetora de seu pai. As fadas estão sujeitas  a leis, como os homens e, quando cometem erro, perdem o seu poder por alguns anos. Eu estava incapaz de ajudar seu pai quando ele mais precisava de mim; por isto morreu. 
A fada parceia tão triste que joão se sentiu comovido e pediu-lhe que continuasse a falar. 
- Seu pai era o melhor homem do mundo, continuou a fada. Tinha uma boa esposa, empregados fiéis e muito dinheiro. Teve, porém, uma infelicidade: um amigo falso, um gigante que  ele havia ajudado muito e que, em paga, o matou e roubou tudo o que ele tinha. Também fez sua mãe prometer que nunca  lhe contaria nada, sob pena de ele matá-lo também. Eu não pude ajudá-la. Meu poder só reapareceu no dia em que você foi vender  sua vaca. Fui eu que fiz você trocar a vaca pelos feijões. Fui eu que fiz o pé de feijão crescer tão depressa e lhe inspirei o desejo de souber por ele. O malvado gigante vive aqui e você deve livrar o mundo de um monstro, que não faz outra coisa senão maldade... Pode apossar-se legalmente de sua casa e de suas riquezas, porque tudo pertencia ao seu pai e é seu, mas não deixe sua mãe saber que você está a par desta história. 
João perguntou-lhe o que devia fazer. 
- Vá seguindo por esta estrada até encontrar uma casa grande, parecida com um castelo. É aí que o gigante vive. Então aja de acordo com seu próprio modo de pensar. Seja bem sucedido.
A fada desapareceu e João caminhou até o sol se por. Com grande alegria, divisou a casa do gigante. Uma mulher de aparência simples estava à porta. Ele pediu-lhe um pedaço de pão e um lugar para dormir. Ela ficou muito surpresa e disse que não era comum aparecer ali um ser humano. Era sabido que seu Mario, um gigante poderoso, gostava de comer carne humana...
João ficou amedrontado, mas teve esperança de que o gigante  não fosse tão ruim assim. Insistiu para  que a mulher o deixasse passar a noite lá, escondendo-o do gigante. Finalmente,ela concordou. Entraram e ela o levou a um quarto, onde lhe deu de comer e beber. 
De repente ouviram uma batida forte na porta, que fez a casa estremecer.
-É o gigante, disse a moça. Se ele o vir aqui, o matará e amim também. que farei? 
- Esconda-me no forno, pediu João.
O forno estava apagado e João entrou nele depressa. De lá ouvia o gigante gritar com a mulher e repreendê-la. Depois, sentou-se à mesa. João espiou por uma fenda do fogão e ficou horrorizado ao ver a quantidade de comida que ele ingeria. Tinha-se a impressão de que não ia acabar mais de comer e beber. Quando terminou, virou-se para trás e gritou para a sua mulher, com uma voz de trovão:
- Traga a minha galinha! 
Ela obedeceu e colocou sobre a mesa uma bonita galinha.
- Ponta um ovo! ordenou ele. 
Imediatamente a galinha pôs um ovo de ouro. 
- Ponta outro! continuou ele. 
Cada vez que assim ordenava, ela punha um ovo maior do que o outro.
Durante muito tempo, assim se divertiu com a galinha. 
Depois mandou a mulher para a cama e sentou-se perto da lareira, onde adormeceu, roncando alto com um canhão. 
Assim que ele pegou no sono, João saiu do forno, agarrou a galinha e fugiu com ela. Correu pela estrada até encontrar o pé de feijão, pelo qual desceu rapidamente. 
Sua mãe ficou cheia de alegria ao vê-lo. Ela pensara que lhe tivesse acontecido  alguma coisa. 
- Nada disso, Mamãe! 
 E lhe contou a aventura, sem, todavia, falar no nome do pai. Mostrou-lhe a galinha, à qual ordenou várias vezes: "Ponha um ovo!" e ela pôs quantos ovos ele desejou. 
Vendidos esses ovos, João e sua mãe ficaram com tanto dinheiro, que viveram felizes por muitos meses. 
Um dia, ele resolveu fazer nova visita ao gigante, a fim de trazer mais riquezas. Arranjou uma roupa que o disfarçava e pintou o rosto com uma tinta escura. Levantou-se muito cedo,ates que a mãe acordasse e subiu pelo pé de feijão. Caminhou o dia todo e chegou à casa do gigante ao escurecer.  Encontrou a mesma mulher à porta e pediu-lhe que lhe desse de comer e um lugar para dormir. Ela lhe contou que o marido era um gigante poderoso e cruel e que, um dia, ela dera abrigo a um menino pobre e faminto que, ingrato, roubara um dos tesouros do gigante. O marido culpa-a por isso e, desde então, começara a maltratá-la. 
João teve pena dela, mas insistiu para que o recebesse. Afinal, ela acabou consentindo. Levou-o à cozinha e, quando ele acabou de comer, escondeu-o num armário velho.
O gigante chegou à hora de costume. Pisava tão forte que a casa estremecia sob seus passos. Sentou-se junto a lareira e gritou:
- Mulher, sinto cheiro de carne fresca.
A esposa respondeu-lhe que os corvos tinham deixado um pedaço de carne crua no telhado.  Enquanto ela preparava a ceia, ele esteve de mau humor, freqüentemente culpando a esposa pela perda da galinha. Afinal, quando terminou a refeição, gritou: 
-Dê-me alguma coisa para distrair-me.Traga minhas sacas de dinheiro. 
A esposa trouxe-as, com dificuldade, porque estavam muito pesadas. Eram duas, cheias de moedas de ouro. Ela despejou-as  na mesa e o gigante começou a contá-las com alegria. 
- Agora você pode ir para a cama, sua velha tonta, disse ele, e a mulher retirou-se.
De seu esconderijo, João via-o contando moedas. 
Ele sabia que elas tinham pertencido a seu pai e desejou possuí-las. 
O gigante, sem saber que estava sendo observado, colocou as moedas novamente nas duas sacas. Amarrou-as bem e colocou-as ao lada da sua cadeira. Seu cachorro estava ali de guarda. Daí a pouco, o gigante adormeceu e começou a roncar tão alto, que parecia o barulho  do mar em dia de tempestade.
Então, João saiu do esconderijo, mas, exatamente quando ia segurando as sacas de dinheiro, o cachorro pôs-se a latir furiosamente. João parou, esperou que seu inimigo acordasse e, então... estaria tudo perdido! Felizmente, isso não aconteceu; o gigante continuou a dormir. Nesse instante, joão viu um pedaço de carne e atirou ao cão, que parou de latir para devorá-lo. O menino aproveitou a ocasião para carregar as sacas. Colocou uma em cada ombro. Eram tão pesadas, que ele levou dois dias para descer pelo pé de feijão. Quando chegou a casa, deu à mãe todo o dinheiro, com o qual ela reformou a vivenda e mobiliou-a de novo. Eles estavam felizes como não eram havia muito tempo.
Durante três anos, João não procurou mais visitar o gigante.
Um dia, porém, começou a preparar-se para nova viagem.  Arranjou um disfarce diferente e melhor do que o usado da última vez.
Era verão. De manhã bem cedo, sem dizer nada à mãe, subiu pelo pé de feijão, chegando à casa do gigante ao anoitecer. Como de costume, encontrou a mulher de pé, na porta. João estava tão bem disfarçado que ela não o reconheceu. Mas, quando se disse muito pobre e faminto, encontrou grande dificuldade em ser admitido.  Depois de muito insistir, conseguiu que ela o escondesse num caldeirão grande de cobre.
Quando o gigante chegou, disse furioso:
_ Sinto cheiro de carne fresca! 
Apesar de todas as desculpas que a esposa lhe dava, pôs-se a revistar tudo. João estava horrorizado, desejando mil vezes ver-se em casa, são e salvo. Quando o gigante chegou ao caldeirão e pôs a mão na tampa, João considerou-se morto. Mal ele começara a levantar a tampa, mudou de ideia  deixando-a cair. Foi sentar-se perto da lareira, para devorar a grande ceia. Quando acabou, deu ordem à mulher para trazer-lhe a harpa. João espiou pela tampa do caldeirão e viu a harpa mais original que podia imaginar. O gigante colocou-a sobre a mesa e disse:
- Toque!
Imediatamente ela começou a tocar uma linda música e João desejou apoderar-se dela, mais do que de outro qualquer tesouro do seu inimigo.
O gigante era apreciador de música. A harpa embalou-o, fazendo-o dormir mais cedo que de costume. Assim que João verificou que tudo estava bem, saiu do caldeirão, pegou a harpa e correu. Entretanto, a harpa era encantada e, assim que se viu em mãos estranhas, pôs-sea gritar alto: 
- Patrão! Patrão! 
O gigante acordou, levantou-se e viu João correndo. 
- Oh! Você, vilão! Foi você que roubou minha galinha, meu dinheiro e agora vai levando minha harpa! Espere aí que eu vou pegá-lo e o comerei vivo! - ameaçou ele. 
- Muito bem, experimente! respondeu João. 
Ele sabia que o gigante havia comido tanto que mal se podia ter de pé, logo, não conseguiria correr. Por outro lado, ele era jovem, tinha pernas ágeis e a consciência tranquila  o que muito ajuda o homem a caminhar com facilidade. Assim, num instante, chegou ao pé de feijão e foi descendo o mais depressa que pôde. A harpa ia tocando uma suave canção. 
Chegando a casa, encontrou sua mãe chorando, muito preocupada. Ele a consolou e pediu-lhe que lhe desse, depressa, uma machadinha. O gigante já vinha descendo e não havia tempo a perder. 
As más ações do monstro tinham, porém, chegado ao fim. João cortou o pé de feijão bem na raiz. O gigante caiu de cabeça no jardim e morreu imediatamente.
Nesse momento, apareceu a fada que tudo explicou à mãe de João.
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Esta história é uma adaptação de The Fairy Book, por  Dinah M. Mulock Craik.
Pesquisa e postagem > Nicéas Romeo Zanchett
http://asfabulasdeesopo.blogspot.com/





 




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