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segunda-feira, 18 de abril de 2011

A BELA ADORMECIDA





                       A BELA ADORMECIDA - Jacob e Wilhelm Grimm
 Há muitos anos atrás, havia um rei e uma rainha que desejavam muito ter um filho. Um dia, quando a rainha estava tomando banho, um sapo pulou da água e disse-lhe: 
- Seu desejo será satisfeito. Antes de um ano você terá uma filhinha. 
As palavras do sapo tornaram-se realidade. A rainha teve uma linda menina. O rei exultou de alegria. Preparou uma grande festa para a qual convidou todos os parentes, amigos e vizinhos. Convidou também as fadas, para que elas fossem  boas e amáveis para com a menina. Havia treze delas no reino, mas o rei tinha apenas doze pratos de ouro para servi-las, de modo que uma das fadas teria que ser posta de lado.
A festa realizou-se com todo o esplendor e, quando chegou a fim, cada uma das fadas ofereceu um presente mágico à criança. Uma deu-lhe virtude; outra, beleza; a terceira, riqueza, e assim por diante, foram-lhe dando tudo que ela poderia vir a desejar no mundo.  
Quando onze das fadas já haviam feito suas ofertas, de repente, apareceu a décima terceira. Ela desejava mostrar o despeito de que estava possuída por não ter sido convidada. Sem cumprimentar nem olhar ninguém, entrou no salão e gritou para que todos ouvissem:
- Quando a princesa completar quinze anos, picar-se-á com um fuso e cairá morta. 
Sem dizer mais nada retirou-se.  
Todos os presentes ficaram horrorizados. A décima segunda  fada, porém, que ainda não tinha formulado o seu desejo, deu um passo à frente. Ela não tinha capacidade para cortar o efeito da praga, mas podia abrandá-la, de modo que disse: 
- Sua filha não morrerá, mas dormirá um sono profundo,  que durará cem anos.
O rei ficou tão preocupado em livrar a filha daquele infortúnio, que deu ordens para que todos os fusos que se encontrassem  no reino fossem queimados. 
À medida que o tempo ia passando, as promessas das fadas iam se realizando. A princesa cresceu tão bonita, modesta, amável e inteligente, que todos que a viam se encantavam por ela.  
Aconteceu que, justamente no dia em que ela completava quinze anos, o rei e a rainha tiveram necessidade de sair. A menina, encontrando-se sozinha, começou a vagar pelo castelo, revistando todos os compartimentos. Finalmente chegou a uma velha torre onde havia uma escada estreita, em caracol. Por ela subindo, chegou a uma pequena porta, em cuja fechadura havia uma chave enferrujada. Dando-lhe volta, a porta abriu-se. Num pequeno quarto, estava sentada uma velhinha, muito ocupada com um fuso, fiando. Vivia tão isolada na torre, que não tomara conhecimento da ordem do rei, com relação aos fusos. 
- Bom dia, vovozinha, disse a princesa. Que está fazendo?  
- Estou fiando, respondeu a velhinha e inclinou a cabeça sobre o trabalho. 
- Que coisa é esta que gira tão depressa? perguntou a princesa, tomando o fuso na mão. 
Mal o tocou, porém, levou uma picada no dedo e, imediatamente, caiu numa cama que havia ao lado, entrando em sono profundo. A velhinha desapareceu. Quem sabe ela era a fada má? O rei e a rainha, que acabavam de chegar, deram alguns passos no vestíbulo e adormeceram também. O mesmo sucedeu com os cortesões  Os cavalos dormiram nas cocheiras; os cães, no pátio; os pombos, no telhado; as moscas, nas paredes.  Até o fogo, na lareira, parou de crepitar. A carne, que estava  assando, no fogão, parou de estalar. A ajudante de cozinha, que estava sentada, tendo à frente uma galinha para depenar, caiu  no sono. O cozinheiro, que estava puxando o cabelo do copeiro, por qualquer tolice que ele havia feito, largou-o e ambos adormeceram. O vento parou e, nas árvores em frente ao castelo, nem uma folha se mexia. À volta do muro, começou a crescer uma sebe de roseira brava. Cada ano ia ficando mais alta, até que já não se podia mais ver o castelo. 
Havia uma lenda na terra, sobre a "Bela Adormecida", como era chamada a princesa. De tempos em tempos, apareciam príncipes que tentavam fazer caminho através da sebe,  para entrar no castelo. Não conseguiam, entretanto, porque os espinhos o impediam. Ficavam presos no meio deles e acabavam morrendo. 
Após muitos anos, um príncipe muito audacioso veio à cidade e ouviu um velho falar sobre a lenda do castelo que ficava atrás da sebe, no qual uma linda moça, chamada a "Bela Adormecida", dormia havia cem anos e, com ela, todos os habitantes  do castelo. Contou-lhe também que muitos príncipes tinham tentado atravessar a sebe e nela haviam ficado presos, morrendo. 
O príncipe, então, declarou: 
- Não tenho medo. Irei e verei  a "Bela Adormecida". 
O bondoso velho fez o que pôde para impedir que ele fosse, mas o rapaz não quis ouvi-lo. 
Agora, os cem anos já se haviam completado. Quando o príncipe chegou à sebe, como por encanto, os arbustos que estavam cheios de brotos, afastaram-se e deram-lhe caminho. Após sua passagem, fecharam-se novamente. 
No pátio, ele viu os cães dormindo. No telhado, estavam os pombos, com as cabecinhas escondidas debaixo das asas. Quando entrou no castelo, viu moscas dormindo nas paredes. Perto do trono, estavam o rei e a rainha, também adormecidos. Na cozinha, o cozinheiro ainda tinha a mão levantada, como se fosse sacudir o copeiro. A ajudante de cozinha tinha à sua frente uma galinha para depenar.
O rapaz continuou a percorrer o castelo. estava tudo quieto. Finalmente chegou à torre, abriu a porta do quarto onde a princesa dormia e entrou. Lá estava ela, tão bonita que ele não se conteve: abaixou-se e beijou-a. Assim que a tocou, a "Bela Adormecida" abriu os olhos e sorriu para ele. Levantou-se, deu-lhe a mão e desceram juntos. O rei, a rainha e os cortesões acordaram também e entreolharam-se, espantados. Os cavalos, nas cocheiras, abriram os olhos e sacudiram as crinas.  Os cães olharam à volta e abanaram as caudas. As pombas do telhado tiraram as cabeças de sob as asas, olharam em redor e voaram em seguida para o campo. As moscas, na parede, começaram a  mover-se, lentamente. O fogo, na cozinha, acendeu-se novamente e assou a carne. O cozinheiro puxou as orelhas do copeiro, enquanto a ajudante depenava a galinha. 
O príncipe casou-se com a princesa, num claro dia de sol,  e viveram felizes por muitos anos. 
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Pesquisa e portagem Nicéas Romeo Zanchett 
http://gotasdeculturauniversal.blogspot.com 




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