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sábado, 30 de abril de 2011

O REI DOS LEÕES

                         

      
 O REI DOS LEÕES 
Nicéas Romeo Zanchett

 Há muitos anos um estrangeiro levou um burro para Uganda e, certa manhã,ele fugiu para o campo. Zurrou por tanto tempo e com tanto barulho que despertou um leão que estava tranquilamente dormindo. O leão levantou-se e ficou muito assombrado com aquele som e pensou: que bicho estranho é este, com orelhas compridas e pontudas,  deve ser muito mais perigoso do que eu.
Cautelosamente,  se aproximou e perguntou: 
- Quem é o senhor? 
- Sou o Rei dos Leões, respondeu o burro. Não ouviu o meu desafio?
- Ouvi, disse o leão. Mas não precisamos travar uma luta. Podemos chegar a um acordo e fazer uma dupla contra todos os outros animais.
- Pois sim, respondeu o  burro; e logo foram embora juntos.
Depois de muito andar, chegaram junto a um riacho. O leão atravessou-o num único salto, mas o burro teve de atravessá-lo a nado e com muita dificuldade. 
- Você não sabe nadar? perguntou o leão.
-Nadar?, claro que sei, disse o burro. Nado como um pato, mas é que pesquei um enorme peixe com a minha cauda e ele quase me pucha para baixo da água. Mas já que está tão impaciente para ir embora, vou largá-lo. 
Pouco tempo depois chegaram ao pé de um muro bem alto. O leão galgou-o facilmente e o burro conseguiu passar as patas dianteiras, mas estava com dificuldade de fazer mais que isso.
- O que é que estás fazendo? perguntou o leão. 
- Então não vêz? retorquiu o burro. Estou me pesando para saber se minha parte dianteira é tão pesada como a trazeira.
Depois de muito esforço, o burro conseguiu passar, e o leão lhe disse:
- O senhor não tem nenhuma força.  Vou lutar contigo. 
- Quando quizeres, respondeu o burro, mas primeiro devemos fazer uma experiência com as nossas forças. Quando vejo que não posso saltar um murro eu o boto a baixo. Vamos ver se é capaz de fazer isso. 
O leão começou a bater no muro com as patas, mas se feriu muito e teve de desistir. Em seguida o burro escoiceou o muro com tanta força que ele logo caiu. 
- Sim, o senhor tem mesmo muita força!, disse o leão, lambendo as patas feridas. Quero que seja aclamado Rei dos Leões. 
No dia seguinte reuniram-se todos os leões de Uganda, e o burro conduziu-os a um vale  coberto por arvores cheias de espinhos. 
- Oh! por favor não vá por aí!, gritaram os leões cheios de terror. Os espinhos se enterrariam em nossas patas. 
- Mas que criaturas medrosas!, disse o burro. Olhem para mim. 
E para grande espanto dos presentes àquela assembléia, começou a comer as plantas espinhosas.  E assim foi aclamado, por unanimidade,  Rei dos Leões.  Como o burro não comia carne, nunca se servia da caça que os seus súditos matavam. Dessa forma passou a ser considerado como o melhor rei de todos os tempos.  
Adaptação: Nicéas Romeo Zanchett 
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sexta-feira, 29 de abril de 2011

O HOMENZINHO DA PRAIA


               O HOMENZINHO DA PRAIA
Josefina gostava muito de aventuras. Costumava sempre subir nas arvores e, quando tinha tres anos, fugiu de casa duas vezes correndo pela rua abaixo para ver até onde ia.
Um dia seus pais levaram-na para uma praia; Lá chegando, Josefina pôs-se a andar ao longo da praia, acompanhado o mar. Depois de algum tempo caminhando ela notou que nunca poderia chegar  até o fim da praia, pois  no caminho havia um amontoado de rochas que entravam mar a dentro, impedindo-lhe a passagem e eram pedras tão altas que não poderia atravessá-lo.
Numa certa manhã, Josefina levantou-se bem cedo, sentou-se na cama e ficou pensando como seria interessante procurar um caminho para atravessar aquela rocha da praia. Depois de alguns momentos levantou-se, vestiu-se  e saiu correndo pela estrada que conduzia ao mar. 
Correu um bom pedaço e então, já sentido-se exausta, deitou-se no chão para descansar. Estava quase dormindo quando, de repente, viu um homenzinho vestido de preto, como um carvoeiro, correndo pela grama até a entrada de uma pequena toca, pela qual desapareceu. 
Josefina ficou espantada. Imediatamente levantou-se, mas sua curiosidade aumentou quando viu que o homenzinho tinha deixado cair aulguns pequenos biscoitos que estava comendo. Como estava com muita fome resolvou comê-los. Imediatamente começou a diminuir de tamanho até ficar menor que o homenzinho de preto. Dessa forma, pensou ela, posso entrar pela toca e chegar ao outro lado. Como gostava muito de aventuras, lá se foi Josefina  toca a dentro.  A toca terminava em uma passagem muito escura e, ao atravessá-la, Josefina sentiu que seu coraçãozinho batia fortemente e feliz, pois imaginava que  aquele buraco a conduziria à continuação da praia, que ela queria conhecer. 
Ao chegar do outro lado da toca, qual não foi seu estpanto, pois no lugar de conchinas do mar havia milhares de diamantes, pérolas, rubis, esmeraldas e todos os tipos de pedras preciosas. Brilhavam tanto que ela teve de fechar os olhos por alguns instantes.
Tudo aquilo era novidade e principalmente muito bonito, mas Josefina estava cansada, com sono e tanta fome que nem se importou muito com aquelas maravilhosas joias. Catou algumas, pôs no bolso e então decidiu voltar para casa, mas quando procurou a entrada da toca, por onde tinha vindo, não mais a encontrou. Então começou a andar de um lado para o outro á procura da tal entrada, mas nada conseguia. Josefina estava cada vez mais contrariada, pois sentia-se cansada e com muita fome. De repente percebeu estar bem próxima ao homenzinho de preto que estava enchendo um saco de pedras preciosas.  Josefina deu um grito de alegria e educadamente pediu: 
-Pode me fazer o favor de indicar a saida? 
O homenzinho deu um salto e virou-se para ela muito zangado.
- Como foi que você veio até aqui?, gritou-lhe. Tenho tanto trabalho para impedir que aqui entrem repugnantes fadas! Só querem roubar as minhas coisas, pois não se contentam com as suas.
- Ouça, respondeu Josefina cheia de terror, eu não quero suas pedras preciosas, o que realmente quero é almoçar, pois tenho muita fome. E desatou a chorar. 
O homenzinho olhou um instante para ela, fez uma careta, e disse: 
- Não és uma fada, mas sim uma menina pateta. Não sabia que as meninas pudessem ser tão pequeninas. 
O homenzinho ficou muito contente ao ver que Josefina não era uma fada criminosa, pois as fadas não choram. 
Queres almoças? perguntou-lhe, isso é fácil.  E tirando do bolso uma varinha, deu com ela algumas voltas  no ar e... o que aconteceu?  Todas as conchinhas que havia por ali se transformaram em pastéis, frutas, bolos, fiambres, confeitos, etc. 
Então Josefina sentou-se e comeu à vontade tudo o que quiz. Enquanto isso o homenzinho voltou ao seu trabalho de encher o saco de pedras preciosas. 
Quando Josefina acabou de comer, levantou-se e tossiu ligeiramente. 
- Com licença, disse-lhe muito tranqüíla. Já comi bastante. Obrigado, muito obrigado! e agora pesso-lhe  que me ensine o caminho de volta para o outro lado. 
O homenzinho virou-se e disse: 
- Falas muito bonito, mas aposto que estás imaginando que eu sou um homem mau. Posso até parecer assim, mas a culpa é das fadas. Já fiz tudo o que pude para esconder esse caminho que me traz até aqui, mas, apesar disso elas sempre vem roubar as minhas pedras e por isso vou transportá-las para outro lugar mais escondido. 
- E para onde vais levá-las? peruntou Josefina. 
O homezinho olhou para ela e simplesmente exlamou; - Ah!. 
Logo a Josefina, que era muito inteligente, compreendeu que aquilo era um segredo e então lembrou-se das pedras que havia posto nos seus bolsos.
- Sou tão má quanto as fadas, dise ela. Eu também roubei umas pedras preciosas, mas peço perdão. E tirou do bolso, uma perola, um diamante eum rubi. Então o homenzinho disse que poderia ficar com elas, mas tinha de prometer que nunca contaria  a ninguém onde havia encontrado aquelas preciosidades.  Josefina prometeu e pergutou-lhe novamente pelo caminho de volta para casa.
- Vem, dise-lhe o homenzinho; e levou-a até a entrada da toca. 
- Agora deite-se no chão e feche os olhos que daqui aluns instantes estara em sua caminha. 
Josefina obedeceu; fechou os olhos logo adormeceu profundamente. Quando acordou estava em sua própria cama. 
- Naturalmente tudo isso foi um sonho, disse ela. E para ter certesa, saltou da cama e pos a mão nos bolsos do vestido. Sentiu que havia alguma coisa rígida lá dentro. Cheia de expectativa e curiosidade retirou um dos objetos.  Era um lindíssimo diamante. Tornou a por a mão no bolso e então veio uma pérola, tão grande quanto um ovo de coderna.  Pos a mão novamente e, ao retirar, percebeu que era um rubi do tamanho de uma maçã. Percebendo que não se tratava de um sonho ficou muito radiante.
Quando foi almoçar com seus pais, mostrou-lhe seu tesouro. Eles ficaram muito espantados e quizeram saber de onde tinha vindo tal preciosidade, mas ela lembrando da promessa feita, apenas disse: 
- Prometi não dizer.
-Muito bem, Josefina, disse-lhe a mãe, que gostava muito que ela cumprisse as suas promessas.
Pensando no futuro da filha, seus pais concordaram que seria melhor vender as jóas e guardar o dinheiro para quando Josefina se tornasse adulta. Assim foi feito. 
Quando chegou à maioridade, Josefina comprou uma bela casa com jardim onde recolhia e ajudava todos os pobrezinhos que encontrava. 
Josefina mereceu tudo isso porque foi honesta e cumpriu sua palavra. 
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Pesquisa e adaptação: Romeo Zanchett 
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quarta-feira, 27 de abril de 2011

SINDBAD - O MARIHEIRO


                                     SINDBAD  -  O MARINHEIRO
Sindbad estava sentado, descansando na sua nova casa em Bagdad, que havia construido recentemente, quando ouviu um pobre carregador de rua dizer:
- Os homens não recebem a recompensa conforme merecem. Tenho trabalhado mais do que Sindbad e, no entanto, ele vive no luxo e eu na miséria.
Comovido com a queixa do carregador de rua, Sindbad convidou-o para entrar e ouvir a história de suas aventuras.
- Talvez quando souberes o que passei para adquirir minha riqueza, disse-lhe Sindbad, fique mais contente com a sua sorte. Repare no meu cabelo branco e minha cara já gasta; até pareço um velho. Eu era jovem e forte quando embarquei para tentar fazer minha fortuna  em países estranhos.  Saiba que, pouco depois de partirmos, o nosso navio foi apanhado por uma calmaria numa pequena ilha. Quando desembarcamos para examinar de perto, descobrimos que aquilo não era terra e sim o dorso de uma grande baleia.  Mal pusemos os pés para descer e ela começou a sacudir-se e logo mergulhou para o fundo do mar.  Ficamos todos assustados, nos debatendo e procurando algo para nos salvar do afogamento.  Agarrei-me a um grande pedaço de madeira e a corrente marítima acabou me conduzindo à praia de uma ilha deserta.
- Já na ilha, imaginei que estaria salvo, mas ao caminhar algumas léguas fui dar num grupo de arvores frutíferas, entre as quais estava escondida uma grade bola branca de uns cincoenta pés de tamanho.  Eu já estava muito cansado, por isso, depois de comer alguns frutos, deitei-me para dormir à sombra da bola branca. Já estava cochilando quando, ao olhar para o alto, vi que o céu estava escuro  pelas asas de uma ave gigante.  
- Céus! exclamei. Esta grande bola branca é o ovo daquela ave monstruosa, que os marinheiros chamam de Roc.
Em seguida o Roc pousou sobre o ovo, debaixo do qual eu estava, e uma das suas garras, que era do tamanho do tronco de uma arvore, prendeu-se em mim.
No dia seguinte, de manhã bem cedo, o Roc levantou voo e levou-me a tal altura que eu já nem via mais a terra. Depois desceu com tanta velocidade que por pouco eu não perdi os sentidos. Quando ele passou perto do chão consegui soltar-me  da sua garra, e vi então que estava num vale muito profundo, cercado de montanhas altíssimas e íngremes  por todos os lados.
- Aquele era o vale dos diamantes!  todo o chão estava coberto de pedras preciosas. Cheio de alegria, comecei encher meus bolsos  com quantas pedras podia. Mas minha alegria durou pouco, pois o vale estava cheio de serpentes e eu não sabia como sair dali.
Em seguida escondi-me numa caverna e tapei a entrada com um pedregulho, mas não pude dormir nada devido ao sibilar das serpentes.  De madrugada elas desapareceram, pois tinham medo do Roc, que costumava ir ao vale em busca de alimento. Então saí da caverna, mas logo fui derrubado por uma coisa qualquer que vinha aos trambulhões montanha abaixo. Era um grande pedaço de carne fresca que, à medida que ia rolando, nele se grudavam os diamantes que estavam no seu caminho, como se fosse uma bola de neve. Então olhei para cima e vi que no alto da montanha havia um grupo de homens que se preparava para atirar outro pedaço de carne.  Eu já tinha houvido falar dessa forma de catar diamantes e naquele momento me parceu ser também uma boa forma para me salvar.
- Então, atei-me ao pedaço de carne, escondendo-me debaixo dele. Pouco depois apareceu uma águia que agarrou a carne e levou-me junto para o alto da montanha. Em seguida, o grupo de homens afugentou a águia e virou a carne para tirar os diamantes que nela estavam grudados. Foi assim que me encontraram.
Quando os homens tinham tirado todos os diamantes que queriam, embarcamos de volta par nosso país. Mas, ao passar  pela ilha deserta, os meus companheiros  desembarcaram com um machado e abriram a grande bola branca. Ouviu-se um grande grito no céu. Era o Roc que tinha nos visto. Todos desataram a correr em direção ao navio, mas o Roc nos seguiu segurando nas garras um grande pedaço de pedra que deixou cair sobre o nosso navio. Acabamos todos caindo no mar.
Agarrei-me com uma mão num pedaço de madeira  do navio e com a outra fui nadando conforme podia, até que consegui chegar a uma outra ilha.
- Era um lugar maravilhoso! rios corriam entre os vinhedos carregados de uva e pomares com diversas espécies de fruta. Ali encontrei um velho muito esquisito que me fez sinal para levá-lo às costa na travessia do rio. Mas, mal eu o coloquei nas costas e ele cruzou as pernas  em volta do meu pescoço,  e foi apertando até que desmaiei.  Quando acordei  vi que ele ainda estava a cavalo nos meus obros. Assim ficou todo o dia e a noite, permanecendo até a manhã seguinte.
A partir daquele dia ele me tornou seu escravo. Quando fiz algum vinho para beber e não perder as forças, ele o tomou de mim e bebeu tudo. Felizmente o vinha era forte de mais para ele que então descruzou as pernas e me soltou no chão. Então, para me livrar dele definitivamente, eu o matei ali mesmo.
Voltando à praia, encontrei alguns marinheiros que me trouxeram de volta para Bagdad.
-Mais tarde fiquei sabendo que aquele era o velho do mar e que eu tinha sido o primeiro  a escapar de ser estrangulado por ele.
- E agora, meu caro amigo, não achas que sou merecedor da minha fortuna?, disse-lhe Sindbah, dando-lhe um bom e valioso presente.
E o entregador de rua foi-se embora todo feliz para nunca mais julgar sem saber a verdade.
Pesquisae  adaptação. 
Nicéas Romeo Zanchett
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terça-feira, 26 de abril de 2011

DANÇA DAS DOZE PRINCESAS


                                    A DANÇA DAS DOZE PRINCESAS
Era uma vez um rei que tinha doze filhas muito lindas. Dormiam em doze camas no mesmo quarto. Quando iam para a cama, as pórtas do quarto eram todas fechadas com chave.  Todas as manhãs, porém, os seus sapatos tinham as solas gastas, como se tivessem dançando com eles a noite toda. Ninguém conseguia saber como isso tinha acontecido. 
Para descobrir o que de fato estava acontecendo, o rei  anunciou a todo o reino que se alguém pudesse descobrir o segredo, e saber onde é que as princesas dançavam de noite, casaria com aquela de quem mais gostasse e seria rei depois de sua morte. Entretanto, se alguém tentasse descobrir e ao fim de tres dias e tres noites não conseguisse, seria morto. 
Logo apresentou-se o filho de um rei, como primeiro candidato.  Foi muito bem recebido e à noite levaram-no para o quarto ao lado daquele onde as princesas dormiam nas suas doze camas. Ele tinha que ficar sentado para ver onde elas iam dançar e para que nada acontecesse sem que ele ouvisse. Para isso deixou a porta do seu quarto aberta. Mas o jóvem acabou adormecendo, e quando acordou de manhã percebeu que as princesas tinham dançado a noite toda, pois as solas dos seus sapatos estavam cheias de buracos. O mesmo fato aconteceu nas duas noites sequintes e, conforme havia dito, o rei ordenou que lhe cortassem a cabeça. 
Depois dele vieram outros jovems, mas nenhum teve melhor sorte e todos acabaram perdendo a própria vida. 
Um certo dia, um velho soldado, que tinha sido ferido em combate e já não podia tornar a combater, atravessava o pais daquele rei.  Um dia, ao passar por uma floresta, encontrou uma velha  senhora, que lhe perguntou para onde ia.
- Quero descobrir onde é que as doze princesas dançam a noite, e assim ainda terei tempo de me tornar rei.
- Bem, disse a velha senhora, isso não é muito dificil. Basta que tenhas cuidado e não beba nada do vinha que uma das princesas te trará à noite. Então, logo que ela se afastar, deve fingir que adormeceu.  Apos dar essa orientação, deu-lhe uma capa e continuou dizendo: - Logo que puseres essa capa, tu te tornarás invisível e poderás seguir as princesas, para onde quer que elas forem, sem ser visto por ninguém.
Apos ouvir esses conselhos, o velho soldado foi falar com o rei, que mandou seus súditos dar-lhe ricas vestes para trajar. Quando a noite chegou, conduziram-no até o quarto de fora, onde deveria ficar para descobrir o segredo das doze princesas.  Já ia deitar-se quando a mais velha das princesas trouxe-lhe um taça de vinho que o soldado entornou-a sem que ela percebesse.  Depois deitou-se na cama e logo pos-se a roncar como se estivesse dormindo profundamente. 
Quando as doze princesas ouviram seu ronco, puseram-se a rir, levantaram-se a abriram as malas onde guradavam seus ricos vestidos e puzeram-se a saltitar de contentes, como se estivessem se preparando para dançar, mas, a mais nova delas dise:  
- Não me sinto bem. Tenho a premonição de que vai nos acontecer algo desagradável. 
- Tola! disse a mais velha. Já não te lembras de quantos filhos de reis que vieram nos espiar  sem resultado?  E, quanto ao soldado, tive o cuidado de lhe dar a bebida para fazê-lo dormir. 
Quando estavam todas prontas foram juntas olhar o soldado, mas ele continuava a roncar e nem se mexia.  Então elas julgaram-se seguras. Dando continuidade ao costumeiro artifício, a mais velha das princesas foi até próximo à cama e bateu palmas. Imediatamente abriu-se ali um alçapão com uma escada por onde todas elas desceram, umas atrás das outras.  Então o soldado levantou-se, pôs a capa que a velha senhora lhe tinha dado e segui-as. Mas, por um descuido, o soldado pisou na cauda do vestido da princesa mais nova que gritou para as irmãs: 
- Alguém me puxou pelo vestido! 
- Que tola! dise a mais velha. Foi algum prego que está na parede.
E lá se foram todas descendo e, quando chegaram ao fim do caminho, havia a um bosque de lindas arvores.  As folhas eram todas de prata e tinha um brilho maravilhoso. O soldado, que vestido com a capa estava invisível, partiu um raminho de uma  das arvores para levar de lembrança.
Em seguida as princesas continuaram sua caminhada  chegando a outro bosque, onde as folhas das arvores eram de ouro; cotinuaram a caminhada e chegaram a um bosque onde as arvores tinhas folhas de diamantes. O soldado, que as acompanhava de perto, foi partindo um raminho de cada arvore. 
Depois de muito caminhar, chegaram a um grande lago onde haviam doze barquinhos enconstados na margem, com doze príncipes jovens e muito lindos, que ali estavam à espera das princesas. 
Cada uma das princesas entrou num dos barquinhos e o soldado, para não ficar atrás, entrou no barquinho da princesa mais nova.
Quando já iam atravessando o lago, o príncipe que remava o barquinho com a princesa mais nova, disse-lhe: 
- Não sei por que, mas, apesar de estar remando com toda a minha força, parece que estamos indo mais devagar do que de costume. O barco parece estar mais pesado. 
- Deve ser o calor do tempo, disse-lhe a jovem princesa. 
Do outro lado do lago havia um grande castelo, de onde vinha um belo som de clarins e trombetas. Desembarcaram todos e entraram para o castelo. Cada príncipe dançou com sua princesa e o soldado invisível dançou entre eles também.
Como era de costume, colocavam uma taça de vinho aos pés de qualquer uma das princesas para que bebesse. O soldado, que não perdia tempo, bebia todo o vinho e quando a princesa levava a taça a boca, já estava vazia. 
A irmã mais nova, que era muito desconfiada,  já estava assustada com o que estava acontecendo, mas a mais velha mandou que se calasse.
Dançaram até as tres horas da madrugada. Então, com os sapatos já gastos, tiveram de parar.  Os principes levaram-nas de volta até a outra margem do lago e, desta vez, o soldado entrou no barquinho da princesa mais velha. Ao chegarem ao outro lado, despediram-se prometendo voltar na noite seguinte. 
Quando chegaram ao pé da escada do alçapão, o soldado adiantou-se  e subiu primeiro, indo deitar-se imediatamente. 
As princesas, que subiram devagar por estarem muito cansadas, passaram pela cama do soldado, e vendo que ainda estava roncando, disseram: 
 -Esta tudo muito bem!
Depois despiram-se, guardaram novamente seus ricos trajes, tiram os sapatos e deitaram-se. 
Na manhã, o soldado levantou-se, mas não disse nada do que tinha visto. Decidiu que seria melhor repetir com elas, por mais duas noites, todo o trajeto feito na primeira noite. Entretanto, na terceira noite, para provar seus relatos ao rei, o soldado trouxe de volta consigo uma taça de ouro que pegou no castelo.
Quando chegou a hora de revelar o segredo das princesas foi levado à presença do rei. Levou consigo os tres ramos colhidos das arvores e a taça de ouro. 
Imaginando o que iria contecer, as princesas puzeram-se atrás da porta para escutar o que ele diria. E então o rei lhe perguntou:
- Onde é que as minhas doze filhas dançam a noite?
- Com doze príncipes num lindo castelo debaixo da terra, respondeu o soldado.
Depois contou ao rei tudo o que tinha sucedido, mostrando-lhe os tres ramos e a taça de ouro que trouxera consigo. 
Então o rei chamou as princesas e perguntou-lhes se era verdade o que o soldado tinha dito. Elas, vendo que seu segredo havia suido descoberto, confessaram tudo. E o rei perguntou ao soldado com qual delas queria casar. 
- Como já não sou muito novo, quero a mais velha, respondeu o soldado. 
Casaram-se no mesmo dia, e o soldado, que tinha seguido os conselhos da velha senhora, ficou sendo o herdeiro do trono.
História original dos Irmãos Grimm - Livro dos Contos.
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 Pesquisa e adaptação> Nicéas Romeo Zanchett 
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sábado, 23 de abril de 2011

OS TRÊS PORQUINHOS


                                              OS TRÊS PORQUINHOS
Era uma vez três porquinhos que saíram pelo mundo à procura de fortuna.
O primeiro porquinho não andou muito, encontrou um homem que levava um fardo de palha e disse-lhe:
- O senhor poderia me dar um pouco dessa palha para eu fazer uma casa?
- Com muito prazer, respondeu o homem, e deu-lhe uma boa quantidade.
O porquinho saiu todo contente e fez sua casa.
Havia por perto um lobo, muito atrevido, que decidiu comer o porquinho no jantar. Logo que escureceu o lobo chegou e bateu à porta do porquinho e perguntou: 
- Amigo porquinho eu sou seu visinho próximo; posso entra na sua linda casa? 
Mas o porquinho, reconhecendo que aquela voz era do lobo, respondeu logo: 
- Não, não, não entres, te juro pelo pelo de minha barbicha, icha, icha.
- Oh! oh! gritou o lobo, então vou soprar e uivar até fazer sua casa cair!
E assim fez: Soprou, uivou, soprou, soprou, uivou de tal maneira que a casa caiu;  e o lobo comeu aquele porquinho.
O segundo porquinho encontrou um homem que levava um amarrado de lenha para fazer fogo e aquecê-lo no inverno. 
- O senhor poderia me dar alguns paus desses para eu fazer uma casa? 
- Claro que sim, com muito prazer, respondeu-lhe o bom homem, e deu-lhe os paus que havia pedido. 
Lá se foi o porquinho fazer sua casa com toda a segurança possível.
Na noite seguinte, o lobo que estava à sua espreita, decidiu que ele também seria sua refeição noturna. Bateu à porta da casa e disse: 
- Diga-me amigo porquinho, posso entrar na sua casa?. Sou seu vizinho e gostaria de lhe fazer uma visita.
- Não, não, não entres, te juro pelos pêlos da minha barbicha, icha, icha!
- Oh! oh! respondeu o logo muito zangado,  então vou soprar e uivar até fazer sua casa cair!
E assim fez, soprou, uivou, soprou e uivou até  que a casa também acabou caindo. Saltou sobre o pobre porquinho  e comeu-o todo!
O terceiro porquinho era muito mais esperto do que os outros. Encontrou um homem que carregava muito tijolos e pediu-lhe  alguns para fazer a sua casa.
- Pois não, meu caro porquinho. Pode ficar com quantos precisares.
O porquinho construiu sua casa e não tardou muito para também receber a visita do lobo.
- Que linda casinha, meu caro porquinho, posso entrar para visitá-lo?
- Não, não, não entres, pelos pêlos  da minha barbicha, icha, icha, te juro!
- Então vou soprar e uivar até que a tua casa caia!
Mas desta vez a casa não caiu; era feita de tijolos e muito forte; ele soprou, uivou, soprou, uivou, e nada; a casa restitia a tudo; e ele acabou por ir-se embora muito zangado e faminto.
No dia seguinte voltou e disse ao porquinho:
- Sabes, porquinho, eu conheço um campo, muito perto daqui, onde existem nabos muito bons! Não queres que te leve até lá?
Se quizer, amanhã de manhã eu passo por aqui e vou lhe mostrar o caminho, sim?
Na manhã seguinte, quando o lobo chegou e pergutou:
- Estás pronto, porquinho, para ires comigo?  
- Chegaste muito tarde! Eu já fui lá e já voltei ha mais de uma hora! Agradeço-lhe muito pela dica sobre os nabos, eram realmente muito gostosos! , respondeu o porquinho.
Diante dessa resposta, o lobo ficou furioso, mas fingiu não se importar  e disse muito amavelmente:
- Diga-me, porquinho, você gosta de maçãs? Eu sei onde há um pomar que tem essas lindas frutas, se quizeres volto amanhã de manhã para te mostrar o caminho.
No dia seguinte  o lobo levantou-se muito cedo e foi à casa do porquinho, mas ele tinha se levantado  mais cedo ainda, porque já havia saído.
 O lobo então resolveu ir até o pomar, mas o porquinhos esperto o viu se aproximando e subiu numa árvore.
Quando o lobo chegou, disse-lhe:
 Muito obrigado por ter me dado esta dica. As maçãs são realmente muito gostosas.  Come esta! e atirou uma para be longe, dentro de uma capinzal bem crescido; e enquanto o lobo tentava encontrá-la, o porquinho fugiu para casa.
O lobo, cada vez mais zangado por ter sido novamente enganado pelo esperto porquinho,  decidiu que, no dia seguinte, iria novamente com uma historia mais convincente, capaz de enganar qualquer um esperto.
No dia seguinte o lobo chegou à casa do porquinho e disse-lhe: 
- Sabes, porquinho, esta tarde vai haver uma feira na pracinha da aldeia; vamos lá juntos e verás como iremos nos divertir. Sim? Venho buscá-lo às tres horas da tarde. 
 O porquinho não disse nada, mas saiu de casa as duas e meia e foi para a feira. Lá comprou uma moringa para guardar água, e ia muito satisfeito com ela de volta para sua casa quando avistou o lobo; logo que o viu resolveu entrar na moringa e fazê-la rolar pelo morro abaixo! O morro era muito íngreme, fez a moringa rolar com tanta rapidez que o lobo assustou-se e fugiu apavorado.
Mais tarde, quando já tinha se recuperado um pouco do susto, o lobo tornou a ir à casa do porquinho:
- Sabes porquinho, esta tarde eu ia para feira quando encontrei uma coisa horrivel correndo pelo morro baixo; assustei-me muito;  tenho certeza que era alguma bruxa!
 O porquinho, ao ouvir isso , riu tanto que o lobo acabou ficando muito aborrecido!
- Eu era a bruxa, disse o porquinho logo que pode falar. Eu o vi de longe e entrei dentro da moringa para salvar minha pele.
Ao ouvir isso, o lobo ficou tão furioso  que subiu no telhado  e começou a descer pelo chaminé abaixo. Mas era dia de fazer pão na casa do porquinho e na lareira havia um fogo enorme. O lobo caiu no meio das brasas e morreu queimado.
E assim acabou o lobo malvado que tanto mal fazia aos animaizinhos indefesos.
Pesquisa e adaptação  > Romeo Zanchett
http://gotasdeculturauniversal.blogspot.com/  

O CHACAL E O LEÃO

                                              O CHACAL E O LEÃO
Durante um verão muito quente, secaram-se todos os rios e os animais não tinham água para beber.  Depois de muito procurarem encontraram uma fonte; mas quase não tinha água.
- Vamos nos unir e cavar um grande poço, disse o leão, e assim teremos água suficiente para todos bebermos. 
O chacal, que era muito folgado e preguiçoso, negou-se a trabalhar com os outros animais; estes, quando concluíram o trabalho, disseram: 
- Agora temos que vigiar o nosso poço para que o chacal não venha beber nossa água, pois ele não nos ajudou cavar.
- Eu me encarrego disso, falou o leão; e se esse chacal folgado vier beber uma única gota, eu dou cabo dele.
Depois de algum tempo chegou o chacal e começo a brincar alegremente em volta do poço. Sentou-se ao lado do leão, e sem beber uma única gota de água, tirou do bolso um bom pedaço de excelente favo de mel, e disse: 
- Como pode ver, senhor leão, não estou com sede. Olhe só que mel delicioso  eu trouxe comigo!
- Deixe-me provar, disse o leão.
E o chacal deu-lhe um pouco do mel para provar.
- Que mel maravilhoso! acrescentou o leão. Dê-me mais um bocadinho, meu caro amigo. 
- Para melhor apreciar seu doce sabor deve deitar-se de costas e deixar que eu lhe coloque na boca, respondeu o chacal. 
Sem pensar duas vezes, o leão deitou-se logo de costas e começou  a agitar as peludas patas, imaginando o delicioso banquete que lhe seria dado em seguida.
- Tenho medo que me faça algum mal com suas grandes unhas, disse o chacal.  Deixe-me amarrar-lhe as patas e assim poderei me aproximar melhor para servir-lhe o mel na boca, sem nenhum receio.  
Então o leão deixou que ele lhe amarrasse as patas com uma grossa corda, mas o chacal, em vez de lhe dar o mel que prometera, correu para o poço e bebeu água até se fartar.
Quando o leão o viu encaminhar-se para casa, falou-lhe logo:
- Senhor Chacal! Sr. Chacal! Querido Sr. Chacal! Não me deixe aqui com as patas atadas.  Todos os outros animais irão rir de mim e perderei minha autoridade de rei da selva. Pela honra de meu nome, sempre deixa-lo-hei beber quanta água queira se me der a liberdade imediatamente.
Então o chacal pensou: se eu não libertar o leão qualquer outro o fará e o rei dos animais não descansará enquanto não se vingar de mim. Será melhor confiar na palavra dele e libertá-lo antes que chegue alguém.
O chacal aproximou-se do leão, deu-lhe um pouco de mel e o libertou, como haviam combinado anteriormente. 
E cumprindo a palavra de rei, o leão deu ordem a todos os animais que sempre deixassem o chacal beber quanta água quisesse.
Pesquisa e adaptação do conto > Romeo Zanchett
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O CAMPONES E OS TRÊS LADRÕES


                                   O CAMPONÊS E OS TRÊS LADRÕES
Dirigia-se uma camponês ao mercado, montado no seu burro, levando presa e marchando atrás dele uma cabra que tinha a intenção de vender.  Enquanto caminhava, lentamente, fazia as contas do lucro que teria vendendo aquele animalzinho. Sem que percebesse foi visto por três ladrões, cujas intenções não eram boas.
- Olha quem vem ali; um bom peixe para nossa rede, disse um deles. - Vou tirar-lhe a cabra sem que ele nem perceba.
- Eu farei mais que isso, disse o segundo;  também levarei o burro com a sua autorização e ele ainda vai me agradecer.
- Pois eu ainda farei melhor que vocês dois, acrescentou o terceiro; ele me entregará tudo e ainda me chamará de meu amigo. 
Separaram-se os três para pôr em prática os seus planos.
O primeiro continuou caminhando atrás do camponês que, não suspeitando de nada, ia feliz e com toda a tranqüilidade  pensando no dinheiro  que ganharia com a venda da cabra. O mal intencionado ladrão  aproximou-se cautelosamente  dele, cortou a corda da cabra e tirou o chocalho que ela levava no pescoço, atando-o no rabo do burro. Dessa forma continuaria a soar e o camponês imaginaria que a cabra estava marchando atrás.
Em seguida, o ladrão tratou de desaparecer o mais rápido possível. Passado algum tempo, o camponês casualmente olhou para traz e teve a desagradável surpresa de constatar que a cabra não o estava acompanhando, embora o chocalho continuasse a soar. Imediatamente, muito atrapalhado,  correu de um lado para outro, perguntando pela sua cabra a todos que encontrava pelo caminho. Encontrou então o segundo ladrão e lhe perguntou se avistara sua cabra.
- Ainda ha pouco, respondeu-lhe, vi passar naquela direção um homem com uma cabra que, pelo visto, é a sua. E continuou - se você quer encontrá-la corra depresse para este lado, que eu posso ficar um instante tomando conta do seu burro.
O ingênuo camponês agradeceu-lhe reconhecendo as boas intenções e confiou-lhe o burro,  partindo apressadamente para a direção que o segundo ladrão lhe tinha indicado. Este, por sua vez, esperou o camponês se afastar, montou no burro e desapareceu um direção contrária.
Como era de se esperar, o camponês  não encontrou a sua cabra e quando, desesperado, regressou  em busca do burro, uma uma decepção o esperava: não mais encontrou o falso amigo que se encarregara de tomar conta dele. Percebeu então que tinha sido vítima de um outro roubo e ficou muito indignado com os dois ladrões que o roubaram e também consigo mesmo por ter se deixado  enganar.
- Isto me servirá de lição. A partir de agora ficarei atento e quem quiser me roubar terá de ser muito esperto.
Resolveu então voltar para casa.  Quando caminhava de volta ouviu  fortes soluços que vinham de um poço que havia na beira da estrada. Chegando lá, ficou comovido ao encontrar um homem que chorava amargamente. Era o terceiro ladrão.
- O que é que você tem para chorar dessa maneira? disse-lhe o camponês  Por acaso achas que é o único homem desesperado que há no mundo? E continuou dizendo: - você não pode estar mais desesperado que eu. Estava indo ao mercado vender uma cabra e roubaram-na junto com meu burro.
- Isso não é nada em comparação ao que me aconteceu, replicou o ladrão. Eu estava levando um pacote cheio de jóias preciosas, e, ao sentar-me para descansar junto a este poço, derrubei meu tesouro lá dentro, e agora não posso mais recuperá-lo.
O camponês inclinou-se sobre o poço, olhou demoradamente e, embora nada visse, disse ao terceiro ladrão:
- Mas porque você  não vai lá dentro buscá-lo:
- Pobre de mim! Não sei nadar e certamente me afogaria. Se alguém fosse lá apanhar o meu tesouro  lhe daria de bom grado a metade dele.
- Isso que dizes  é certo? Se estiver falando a verdade eu mesmo irei lá embaixo buscá-lo, respondeu-lhe o crédulo camponês, imaginando que assim poderia recuperar os prejuízos que tivera e ainda sairia no lucro.
- Pode ter certeza que cumprirei o que disse; se recuperar meu tesouro  replicou o ladrão, te darei a metade das minhas jóias.
Dito isto, livrou-se o camponês de suas pesadas roupas e, agradecendo ao bandido por lhe dar a oportunidade de, com as jóias, adquirir um burro e uma cabra, atirou-se ao poço. Como sabemos, embora tenha procurado muito, nada encontrou. Voltando à superfície, qual não foi sua nova decepção. O terceiro ladrão havia sumido com suas roupas. Foi então que percebeu que tinha sido enganado pela terceira vez.
   Adaptação do conto > Romeo Zanchett
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terça-feira, 19 de abril de 2011

RAPUNZEL Por Jakob e Wilhelm Grimm

                                                 RAPUNZEL
Era uma vez um casal que desejava muito ter um filho.
Um dia, afinal, a mulher teve esperanças de que Deus ia satisfazer seu desejo. Nos fundos de sua casa havia uma janela da qual se avistava uma esplêndida horta, cheia de lindos legumes e ervas. Era cercada por um grande muro e ninguém ousava transpô-la, porque pertencia a uma feiticeira que tinha grande poder.
Uma tarde, a mulher estava à janela e reparou num canteiro, onde estavam plantadas as mais belas beterrabas que ela já havia visto. Eram tão frescas e apetitosas, que imediatamente desejou comê-las. Este desejo foi aumentando, dia a dia, e, quando viu que não podia obtê-las, começou a definhar, ficando pálida e enfraquecida.
O marido, muito preocupado com a sua transformação, perguntou-lhe:
- Que é que você tem? Alguma coisa a aflige?
- Ah! suspirou ela. Se eu não conseguir comer algumas  daquelas beterrabas que estão na horta, atrás de nossa casa, tenho certeza de que morrerei.
O homem, que muito a amava, pensou: "Antes que minha  esposa morra, dar-lhe-ei algumas daquelas beterrabas,  custe o que custar."
Ao anoitecer, pulou o muro, agarrou umas beterrabas apressadamente e levou-as à esposa. Ela fez logo uma salada e comeu-as vorazmente. Estavam  tão gostosas que, no dia seguinte, desejou, mais do que nunca, comer outras beterrabas.
Sem perda de tempo, o marido, ao escurecer, pulou novamente o muro e apanhou umas beterrabas. Quando, porém, já ia voltar, parou horrorizado: a bruxa surgira à sua frente.
- Como ousou descer à minha horta e roubar minhas beterrabas?  Você pagará bem caro por essa ousadia! disse a bruxa.
- Deixe-me explicar-lhe, pediu ele. Não sou um ladrão vulgar, apenas queria satisfazer o desejo de minha esposa. Ela estava tão ansiosa por provar suas beterrabas que por certo morreria, se não o fizesse.
A feiticeira, já menos irritada, retrucou:
- Se o caso é este, permito que leve quantas ela quiser, mas imponho uma condição: você deverá entregar-me a criança que sua mulher vai ter. Será bem tratada e cuidarei dela como verdadeira mãe.
O homem, horrorizado, sem saber que fazer, acabou concordando. Quando nasceu o bebê, a bruxa apareceu, levou-o consigo e deu-lhe o nome de Rapunzel.
Rapunzel transformou-se numa linda menina. Quandocompletou doze anos, a feiticeira levou-a para uma torre na floresta, a qual não tinha escadas, nem portas. bem no alto havia uma janela. Quando ela desejava ver a menina, chegava em baixo e gritava:
- Rapunzel! Rapunzel! Jogue sua trança.
Rapunzel tinha uma cabeleira muito longa e bela, cor de  ouro. Quando ouvia a voz da bruxa, atirava a trança pela abertura da janela. O cabelo caia até o jardim e a bruxa subia por ele, como se fosse uma escada.
Dois anos depois, aconteceu  que o fiho do rei, passeando na floresta, passou pela torre e ouviu uma canção muito melodiosa. Parou, então, para escutá-la melhor. Era rapunzel, que, naquela solidão, passava o tempo exercitando sua bela voz. O filho do rei ficou tão maravilhado que quis subir à torre, para ver quem cantava assim, mas não encontrou porta, nem escada. Voltou para casa... Entretanto, aquela voz tocara profundamente seu coração e diariamente ele voltava à floresta  para ouví-la. Um dia, quando lá estava, atrás de uma árvore, viu a bruxa aparecer e gritar: - Rapunzell, jogue seu cabelo.
Rapunzel jogou a trança e, por ela,  subiu a bruxa.
"Se isto é a escada por onde se sobre," pensou o príncipe, "eu também tentarei minha sorte."
No dia seguinte, ao escurcer, foi até a torre e gritou:
- Rapunzel, jogue seu cabelo.
Imediatamente a trança caiu e ele subiu. A princípio, Rapunzel ficou horrivelmente assustada, mas o filho do rei falou-lhe como amigo. Contou-lhe que seu coração tinha ficado tão excitado ao ouvir sua voz, que ele não tivera mais sossêgo e fora forçado a ir vê-la. Rapunzel, então tranquilizou-se.
Quando o rapaz lhe perguntou se o aceitava para esposo, ela, vendo o quanto ele era belo e jovem, pensou: "Por certo há de amar-me mais do que a velha feiticeira". Disse-lhe que sim, estendeu-lhe a mão e acrescentou: 
- Não sei como descer daqui. Traga-me, todos os dias, uma moeda de seda e com ela tecerei uma escada. Quando estiver pronta, descerei e você me levará em seu cavalo. 
Combinaram que se veriam sempre ao escurecer. 
A feiticeira nada sabia desta história, mas, um dia, Rapunzel lhe disse: 
- A senhora é mais pesada do que o filho do rei. 
- Ah! criança malvada! gritou a bruxa. Pensei que tinha separado você do resto do mundo e, quando acaba, você me enganou!
Possessa de raiva, agarrou a bela trança de Rapunzel, cortou-a e pendurou-a  na abertura da janela. Tirou a menina da torre e levou-a para o deserto, onde a deixou só e infeliz.
Ao anoitecer, o príncipe veio à torre e gritou: 
- Rapunzel, jogue sua trança. 
A bruxa a jogou e o rapaz subiu, mas, que surprêsa! Em vez da sua querida Rapunzel, encontrou a feiticeira, que o recebeu às gargalhadas, dizendo:
- Não esperava encontrar-me aqui, não é? Fique sabendo que nunca mais verá Rapunzel. Leveia-a para um lugar onde ninguém a encontrará e de onde jamais sairá.
O rapaz, desesperado, atirou-se da torre abaixo. Não morreu, mas caiu em cima de espinhos que lhe atingiram os olhos, cegando-o. Não pôde mais achar o caminho de casa e ficou vagando pela floresta, na maior miséria.
Andando, sem rumo, um dia chegou ao deserto.  De longe ouviu uma voz que lhe pareceu familiar. 
Era um canto muito triste, que lhe trazia certas recordações. Aproximou-se e rapunzel logo oreconheceu. Atirou-se ao seu pescoço,chorando. Duas de suas lágrimascaíram nos olhos do príncipe, e imediatamente ele veiu tudo claro, como antes. Foram juntos para o palácio, onde se casaram e nunca mais se separaram. 

De Contos de Fadas.
Pesquisa e postagem  > Nicéas Romeo zanchett
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JOÃO E O PÉ DE FEIJÃO

             JOÃO E O PÉ DE FEIJÃO - Dos irmãos Grimm - Por Dinah M. Mulock Craik.
No tempo do rei Alfredo, muito longe de Londres, vivia  uma pobre viúva. Ela tinha um único filho, que  era preguiçoso e extravagante. Aos poucos, ele pôs fora todo o dinheiro que ela possuía. Um dia, pela primeira vez na vida, censurou-o: 
- Filho cruel! Não tenho mais dinheiro nem sequer para comprar um pedaço de pão. Só o que me resta é a minha pobre vaca.
João tanto amolou a mãe para vender a vaca, que ela acabou consentindo. 
Quando ele ia levando o animal, encontrou um açougueiro que propôs trocar a vaca por uns caroços de feijão que ele levava no chapéu  João, julgando ser isso uma grande oferta, aceitou a proposta e voltou para casa. 
Quando sua mãe viu os feijões por que ele havia trocado a vaca, perdeu a paciência. Apanhou os caroços  de feijão, atirou-os fora, pela janela, e pô-se a chorar. João tentou consolá-la, mas não o conseguiu. Como não tinha nada para comer, foram deitar-se com fome. 
João acordou cedo e viu que alguma coisa estava fazendo sombra na janela do quarto. Levantou-se, desceu as escadas e foi ao jardim. Aí verificou que os caroços, que sua mãe havia atirado pela janela tinham germinado e o pé de feijão crescera surpreendentemente  as hastes  eram muito grossas e tinham se entrelaçado como uma cadeia. estavam tão altas,  que davam a impressão de alcançarem as nuvens.
João, que gostava de aventuras, resolveu trepar na árvore que se formara, até atingir o alto. 
Depois de levar algumas horas subindo, chegou a um país estranho. Ali encontrou uma bonita moça, elegantemente vestida, carregando uma varinha branca, cujo castão era um pavão de ouro. 
Com um sorriso encantador, ela lhe perguntou como havia conseguido chegar até lá e ele lhe contou que subira pelo pé de feijão.
- Você se lembra de seu pai? lhe perguntou a moça.
- Não senhora. Mamãe sempre chora quando falo nele e não me diz nada, respondeu o menino.
- Sou a fada protetora de seu pai. As fadas estão sujeitas  a leis, como os homens e, quando cometem erro, perdem o seu poder por alguns anos. Eu estava incapaz de ajudar seu pai quando ele mais precisava de mim; por isto morreu. 
A fada parceia tão triste que joão se sentiu comovido e pediu-lhe que continuasse a falar. 
- Seu pai era o melhor homem do mundo, continuou a fada. Tinha uma boa esposa, empregados fiéis e muito dinheiro. Teve, porém, uma infelicidade: um amigo falso, um gigante que  ele havia ajudado muito e que, em paga, o matou e roubou tudo o que ele tinha. Também fez sua mãe prometer que nunca  lhe contaria nada, sob pena de ele matá-lo também. Eu não pude ajudá-la. Meu poder só reapareceu no dia em que você foi vender  sua vaca. Fui eu que fiz você trocar a vaca pelos feijões. Fui eu que fiz o pé de feijão crescer tão depressa e lhe inspirei o desejo de souber por ele. O malvado gigante vive aqui e você deve livrar o mundo de um monstro, que não faz outra coisa senão maldade... Pode apossar-se legalmente de sua casa e de suas riquezas, porque tudo pertencia ao seu pai e é seu, mas não deixe sua mãe saber que você está a par desta história. 
João perguntou-lhe o que devia fazer. 
- Vá seguindo por esta estrada até encontrar uma casa grande, parecida com um castelo. É aí que o gigante vive. Então aja de acordo com seu próprio modo de pensar. Seja bem sucedido.
A fada desapareceu e João caminhou até o sol se por. Com grande alegria, divisou a casa do gigante. Uma mulher de aparência simples estava à porta. Ele pediu-lhe um pedaço de pão e um lugar para dormir. Ela ficou muito surpresa e disse que não era comum aparecer ali um ser humano. Era sabido que seu Mario, um gigante poderoso, gostava de comer carne humana...
João ficou amedrontado, mas teve esperança de que o gigante  não fosse tão ruim assim. Insistiu para  que a mulher o deixasse passar a noite lá, escondendo-o do gigante. Finalmente,ela concordou. Entraram e ela o levou a um quarto, onde lhe deu de comer e beber. 
De repente ouviram uma batida forte na porta, que fez a casa estremecer.
-É o gigante, disse a moça. Se ele o vir aqui, o matará e amim também. que farei? 
- Esconda-me no forno, pediu João.
O forno estava apagado e João entrou nele depressa. De lá ouvia o gigante gritar com a mulher e repreendê-la. Depois, sentou-se à mesa. João espiou por uma fenda do fogão e ficou horrorizado ao ver a quantidade de comida que ele ingeria. Tinha-se a impressão de que não ia acabar mais de comer e beber. Quando terminou, virou-se para trás e gritou para a sua mulher, com uma voz de trovão:
- Traga a minha galinha! 
Ela obedeceu e colocou sobre a mesa uma bonita galinha.
- Ponta um ovo! ordenou ele. 
Imediatamente a galinha pôs um ovo de ouro. 
- Ponta outro! continuou ele. 
Cada vez que assim ordenava, ela punha um ovo maior do que o outro.
Durante muito tempo, assim se divertiu com a galinha. 
Depois mandou a mulher para a cama e sentou-se perto da lareira, onde adormeceu, roncando alto com um canhão. 
Assim que ele pegou no sono, João saiu do forno, agarrou a galinha e fugiu com ela. Correu pela estrada até encontrar o pé de feijão, pelo qual desceu rapidamente. 
Sua mãe ficou cheia de alegria ao vê-lo. Ela pensara que lhe tivesse acontecido  alguma coisa. 
- Nada disso, Mamãe! 
 E lhe contou a aventura, sem, todavia, falar no nome do pai. Mostrou-lhe a galinha, à qual ordenou várias vezes: "Ponha um ovo!" e ela pôs quantos ovos ele desejou. 
Vendidos esses ovos, João e sua mãe ficaram com tanto dinheiro, que viveram felizes por muitos meses. 
Um dia, ele resolveu fazer nova visita ao gigante, a fim de trazer mais riquezas. Arranjou uma roupa que o disfarçava e pintou o rosto com uma tinta escura. Levantou-se muito cedo,ates que a mãe acordasse e subiu pelo pé de feijão. Caminhou o dia todo e chegou à casa do gigante ao escurecer.  Encontrou a mesma mulher à porta e pediu-lhe que lhe desse de comer e um lugar para dormir. Ela lhe contou que o marido era um gigante poderoso e cruel e que, um dia, ela dera abrigo a um menino pobre e faminto que, ingrato, roubara um dos tesouros do gigante. O marido culpa-a por isso e, desde então, começara a maltratá-la. 
João teve pena dela, mas insistiu para que o recebesse. Afinal, ela acabou consentindo. Levou-o à cozinha e, quando ele acabou de comer, escondeu-o num armário velho.
O gigante chegou à hora de costume. Pisava tão forte que a casa estremecia sob seus passos. Sentou-se junto a lareira e gritou:
- Mulher, sinto cheiro de carne fresca.
A esposa respondeu-lhe que os corvos tinham deixado um pedaço de carne crua no telhado.  Enquanto ela preparava a ceia, ele esteve de mau humor, freqüentemente culpando a esposa pela perda da galinha. Afinal, quando terminou a refeição, gritou: 
-Dê-me alguma coisa para distrair-me.Traga minhas sacas de dinheiro. 
A esposa trouxe-as, com dificuldade, porque estavam muito pesadas. Eram duas, cheias de moedas de ouro. Ela despejou-as  na mesa e o gigante começou a contá-las com alegria. 
- Agora você pode ir para a cama, sua velha tonta, disse ele, e a mulher retirou-se.
De seu esconderijo, João via-o contando moedas. 
Ele sabia que elas tinham pertencido a seu pai e desejou possuí-las. 
O gigante, sem saber que estava sendo observado, colocou as moedas novamente nas duas sacas. Amarrou-as bem e colocou-as ao lada da sua cadeira. Seu cachorro estava ali de guarda. Daí a pouco, o gigante adormeceu e começou a roncar tão alto, que parecia o barulho  do mar em dia de tempestade.
Então, João saiu do esconderijo, mas, exatamente quando ia segurando as sacas de dinheiro, o cachorro pôs-se a latir furiosamente. João parou, esperou que seu inimigo acordasse e, então... estaria tudo perdido! Felizmente, isso não aconteceu; o gigante continuou a dormir. Nesse instante, joão viu um pedaço de carne e atirou ao cão, que parou de latir para devorá-lo. O menino aproveitou a ocasião para carregar as sacas. Colocou uma em cada ombro. Eram tão pesadas, que ele levou dois dias para descer pelo pé de feijão. Quando chegou a casa, deu à mãe todo o dinheiro, com o qual ela reformou a vivenda e mobiliou-a de novo. Eles estavam felizes como não eram havia muito tempo.
Durante três anos, João não procurou mais visitar o gigante.
Um dia, porém, começou a preparar-se para nova viagem.  Arranjou um disfarce diferente e melhor do que o usado da última vez.
Era verão. De manhã bem cedo, sem dizer nada à mãe, subiu pelo pé de feijão, chegando à casa do gigante ao anoitecer. Como de costume, encontrou a mulher de pé, na porta. João estava tão bem disfarçado que ela não o reconheceu. Mas, quando se disse muito pobre e faminto, encontrou grande dificuldade em ser admitido.  Depois de muito insistir, conseguiu que ela o escondesse num caldeirão grande de cobre.
Quando o gigante chegou, disse furioso:
_ Sinto cheiro de carne fresca! 
Apesar de todas as desculpas que a esposa lhe dava, pôs-se a revistar tudo. João estava horrorizado, desejando mil vezes ver-se em casa, são e salvo. Quando o gigante chegou ao caldeirão e pôs a mão na tampa, João considerou-se morto. Mal ele começara a levantar a tampa, mudou de ideia  deixando-a cair. Foi sentar-se perto da lareira, para devorar a grande ceia. Quando acabou, deu ordem à mulher para trazer-lhe a harpa. João espiou pela tampa do caldeirão e viu a harpa mais original que podia imaginar. O gigante colocou-a sobre a mesa e disse:
- Toque!
Imediatamente ela começou a tocar uma linda música e João desejou apoderar-se dela, mais do que de outro qualquer tesouro do seu inimigo.
O gigante era apreciador de música. A harpa embalou-o, fazendo-o dormir mais cedo que de costume. Assim que João verificou que tudo estava bem, saiu do caldeirão, pegou a harpa e correu. Entretanto, a harpa era encantada e, assim que se viu em mãos estranhas, pôs-sea gritar alto: 
- Patrão! Patrão! 
O gigante acordou, levantou-se e viu João correndo. 
- Oh! Você, vilão! Foi você que roubou minha galinha, meu dinheiro e agora vai levando minha harpa! Espere aí que eu vou pegá-lo e o comerei vivo! - ameaçou ele. 
- Muito bem, experimente! respondeu João. 
Ele sabia que o gigante havia comido tanto que mal se podia ter de pé, logo, não conseguiria correr. Por outro lado, ele era jovem, tinha pernas ágeis e a consciência tranquila  o que muito ajuda o homem a caminhar com facilidade. Assim, num instante, chegou ao pé de feijão e foi descendo o mais depressa que pôde. A harpa ia tocando uma suave canção. 
Chegando a casa, encontrou sua mãe chorando, muito preocupada. Ele a consolou e pediu-lhe que lhe desse, depressa, uma machadinha. O gigante já vinha descendo e não havia tempo a perder. 
As más ações do monstro tinham, porém, chegado ao fim. João cortou o pé de feijão bem na raiz. O gigante caiu de cabeça no jardim e morreu imediatamente.
Nesse momento, apareceu a fada que tudo explicou à mãe de João.
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Esta história é uma adaptação de The Fairy Book, por  Dinah M. Mulock Craik.
Pesquisa e postagem > Nicéas Romeo Zanchett
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A AMBIÇÃO E A FORTUNA - Romeo Zanchett

                                        A AMBIÇÃO E A FORTUNA
Alguns homens que se embrenharam na floresta em busca de riquezas, chegaram às margens de um pequeno riacho, cheio de pedras preciosas. Nem bem chegaram, todos se entregaram com muito empenho em procurar as mais belas pedras. Escolhiam e separavam as mais atrativas para levar, e assim ficar o mais rico possível.
Trabalhavam incansavelmente até a exaustão.  Dormiam apenas algumas horas e logo em seguida voltavam a procurar mais pedras preciosas. 
Em determinado momento já não havia mais vasilhames, bolsas e baús para acondicionar o que encontraram.
Entre eles havia um homem que procedia de forma totalmente diferente dos demais. Passava o tempo todo, olhando os outros trabalharem, passeando pelas paisagens, descansando, comendo e dormindo. Não tinha a menor preocupação em ficar rico. Era um homem que só dava valor às coisas belas da vida. Gostava de viajar, visitar outras terras e, naqueles dias, aproveitou para descansar e sonhar com os prazeres que o mundo pode oferecer.
Os dias se passaram e já não havia mais lugar para guardar os achados do grupo de trabalhadores. Os vasilhames,  sacos e baús já estavam todos cheios e era hora de partir de volta. 
Quando chegou o momento de deixarem o riacho, perguntaram ao sonhador que descansava: 
E você? O que conseguiu juntar para o seu futuro? 
Ele, sem dar resposta, dirigiu-se até um montinho de terra. Lá estendeu a mão e juntou um punhado de pedrinhas sujas e pôs no bolso. Em seguida embarcou com os amigos, feliz da vida. 
Durante a viagem, todos foram conferir o resultado do seu trabalho. 
O sonhador permanecia tranqüilo sentado num canto do barco. 
- E então, meu caro amigo? O que você conseguiu nesses dias todos?, perguntou um dos trabalhadores.
- Não sei. respondeu, demonstrando nenhuma preocupação. - Mas vamos ver o que tenho no bolso. 
Em seguida tirou o punhado de terra e o espalhou na mesa. 
Qual não foi a surpresa de todos ao verem que, no meio das pedras sujas, havia um diamante, cujo valor era muito superior a tudo o que os outros haviam garimpado.
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Conclusão: A fortuna pode aparecer quando menos se espera, e nem sempre escolhe quem a procura desesperadamente. 
Muitas vezes a sorte premia quem menos ambiciona, mas sabe amar sem egoismo as belas coisas que a natureza nos dá. 
Nicéas Romeo Zanchett 
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segunda-feira, 18 de abril de 2011

A GRALHA VAIDOSA

                                               A GRALHA VAIDOSA
Uma gralha, que ia voando com suas companheiras, avistou ao longe um belo jardim, com lindas flores, lagos, repuxos e estátuas. Muito feliz com esse descobrimento, deixou o bando e foi pousar no jardim, entre os ramos de uma florida árvore, grasnando, muito contente da vida. 
Dali avistou sobre um caminho coberto de areia, muito fina e muito alva, algumas vistosas plumas, que haviam caído da causa de um pavão real. 
Tratou de apanhá-los o mais depressa  possível, antes que outrem o fizesse. Enfeitou-se com elas e ficou certa de que estava muito bonita. Vaidosa e enfatuada, esqueceu suas companheiras, que agora lhe pareciam humildes e feias. E foi imiscuir-se num grupo de magníficos pavões reais, que viviam naquele  jardim.
Estava convencida de que, com aquelas plumas, iludiria os pavões e com eles se confundiria, como se fosse um autêntico pavão...
Entretanto, as lindas e garbosas aves, com suas opulentas caudas abertas em leque, mal avistaram a gralha desavergonhada e ridícula, deram o alarma. 
- Olhem só a intrometida, a desbriada intrusa! 
Reuniram-se então e, dispostas a castigar energicamente a gralha, caíram sobre ela às bicadas, arrancando-lhe as plumas postiças e deixando-a quase inteiramente depenada...
Humilhada e mais ridícula, ela ainda pôde alçar o voo, para voltar às companheiras, que tinha desprezado. 
Que lhe aconteceu, porém?  Foi por elas mal recebida, pois todas, a uma só voz, gritaram-lhe com zombaria e altivez: 
- Você está muito bem aviada!... Se tivesse permanecido em nossa companhia, não teria sofrido afrontas nem apanhado tamanha  surra!...
Bem feito! 
 Conclusão: A vaidade pode levar às pessoas a desprezar seus semelhantes que realmente são seus amigos. 
Pesquisa e Postam > Nicéas Romeo Zanchett 
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O LOBO E O CORDEIRO





                                                O LOBO E O CORDEIRO
Em certo dia de muito calor, um lobo, que era caçador furtivo, saiu da mata muito cansado e de "estômago pregado às costas". A fome atormentava-o, pois nada tinha caçado naquele dia. 
Para enganar um pouco estômago, foi beber água num regato ali perto. Era uma límpida torrente, que serpenteava entre as pedras, murmurando suavemente desde o alto de uma colina, de onde vertia para o vale. 
chegando ao lugar onde mais comodamente poderia sorver uns goles, ao abaixar a cabeça sobre as águas, avistou, lá em baixo, um cordeirinho, que havia se perdido do seu rebanho e que também estava bebendo água. 
- Olá, intrometido! gritou-lhe o lobo. carrancudo, lá de cima. E perguntou ao cordeirinho, com terríveis arreganhos de dentes:
- Por que está aí, sujando-me a água? 
- Eu, balbuciou o animalzinho, trêmulo e apavorado, não estava sujando a sua água, pois a que estou bebendo vem daí de cima... já passou por onde está o senhor lobo!
- Sim? Pois não! retrucou o lobo, acrescentando: - Agora é que me lembro! No ano passado você andou falando malde mim!...
- No ano passado? É engano seu! Nasci este ano... ainda não completei três meses de idade!
- Então foi seu pai! disse, por fim o lobo. E sem dar tempo a nada, deu um grande salto sobre o cordeirinho, ferrou-lhe os dentes na garganta e jogou-agonizante, dentro da sua enorme bolsa de couro. 
. Conclusão: quando alguém está com más intenções, sempre procura alguma justificativa, mesmo que ela não exista.
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Pesquisa e postagem > Nicéas Romeo Zanchett

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MÁRIO E LUIZA VÃO AO MOINHO




                                                    MÁRIO E LUÍZA VÃO AO MOINHO
                      Esta é uma história tão antiga que se perde na noite do tempo. 
                      Havia uma família de sete irmãos que moravam no sul do Brasil. Lá o inverno é muito rigoroso e intenso; e os filhos ajudam os pais nas tarefas do dia-a-dia. 
                      Numa certa manhã, quando a geada cobria de branco os campos e o sol ainda não havia acordado, dois irmãos tiveram a incumbência de ir ao moinho. Por determinação dos pais, eles deveriam levar, cada um, alguns quilos de milho para moer e retornar logo para casa. 
                      A distância era bastante longo e era preciso ir bem agasalhado para não pegar um forte resfriado. O caminho era lindo e distraia as atenções dos irmãozinhos. 
                      Os dois caminhavam e tremiam de frio, mas como as sacolas não eram lá muito leves, e ambos andavam depressa, o exercício ajudava-s a aquecer o corpo. Mas como ainda era bem cedo, havia muita geada no caminho e era preciso tomar cuidado para não escorregar.
                       Depois de algum tempo chegaram ao moinho, e ali havia muitos passarinhos que moravam nas florestas próximas; pareciam procurar alguma coisa para comer. Como nada encontravam, piavam de frio e fome.  
                        Ao verem Luíza com o saco de milho, olharam-na com certa tristeza; como se estivessem pedindo ajuda. Luíza não se conteve de dó e resolveu ajudá-los
                         Coitadinhos, Mário! Estou com vontade de jogar um pouco desse milho para eles. E sem dizer mais nada, atirou vários punhados de grãos, que logo foram recebidos com gratidão. 
                         - O que você está fazendo, Luíza? disse Mário.  E como ficará  a farinha de nossa família? Vai voltar para casa sem nada e mamãe não vai gostar do que você fez. 
                        Mas Luíza estava feliz e satisfeita vendo aqueles passarinhos famintos se fartando com seus grãos.  Eles pulavam alegremente, pipilando e comendo as sementes com voracidade. 
                        Muito feliz por ter praticado um bem, Luíza entregou o restante de seus grãos ao moleiro, já conformada com a ideia de que levaria pouca farinha para casa. Mas nem se preocupava com o castigo que poderia receber pelo que fizera. 
                        Mas quando o moleiro voltou com os sacos de farinha para lhes entregar, qual não foi a surpresa que tiveram, o saco de Luíza estava bem mais cheio que o de Mário. 
                        Vendo o espanto dos irmãos, o moleiro explicou: 
                        - Não fiquem pensando que me enganei! Está tudo muito certo; o saquinho mais leve, mais vazio, é do Mário...; e continuou, não poderia deixar de  premiar, com uma porção extra de farinha, esta boa menina que socorreu os passarinhos famintos. Pus no saquinho que ela levará, não um, nem dois, mas dez bons punhados a mais da minha farinha. Sabem o que aconteceu comigo ao ver a boa ação da Luíza? O bom Deus tocou meu coração e então decidi compensar o sacrifício feito por ela; e tem mais, a partir de hoje eu mesmo irei alimentar, durante todo o inverno, esses pobres passarinhos que aqui vem pedir comida. 
Nicéas Romeo Zanchett 
Como São Francisco de Assis, que sempre se compadeceu e ajudou os animais, precisamos ter compaixão para com todos eles. 
Eles são nossos irmãos menores que fazem a alegria de toda a natureza criado por Deus.  
 Nicéas Romeo Zanchett 
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A PRINCESA REAL - Por Christian Andersen

                              A PRINCESA REAL - Por Christian Andersen
Era uma vez um príncipe que desejava muito casar-se.  Por isso, fez uma viagem ao redor do mundo, à procura de noiva. Encontrou muitas moças, mas ele só poderia casar-se com uma princesa real.  
Depois de muito viajar, desolado por não achar a noiva que procurava, o príncipe resolveu voltar para casa. 
Passaram-se muitos meses. Uma noite houve grande temporal. As ruas estavam inundadas, os relâmpagos se sucediam e os trovões eram de ensurdecer. 
De repente, no palácio, ouviu-se uma batida no portão. Como os empregados ja tinham se recolhido, o rei foi abri-lo.   
Era uma moça muito bonita que queria abrigar-se da chuva.  Seu aspecto era bem desagradável: a roupa, o cabelo e os sapatos estavam completamente encharcados. Ela se apresentou dizendo que era uma princesa real. 
"Bem, isso nos vamos ver", pensou a velha rainha, mas nada disse. 
Como a chuva não passasse, os reis convidaram a moça a pernoitar no palácio. A rainha foi ao quarto onde ela deveria dormir, colocou um ervilha no estrado da cama e, por cima da ervilha, vinte conchões de ganso. 
No dia seguinte, pela manhã, ela foi saber se a moça tinha dormido bem. 
- Quase não pude dormir, respondeu a moça. Só deus sabe o que havia na minha cama. Deitei-me sobre alguma coisa dura e tenho o corpo todo marcado. Foi uma noite bem desagradável!
Assim, a rainha verificou  que, de fato, se tratava de uma princesa real, pois corpo tão delicado não poderia pertencer a uma moça vulgar. Só mesmo uma princesa real sentiria a ervilha, através de vinte colchões de penas de ganso. 
O príncipe casou-se com ela e a ervilha foi guardada num museu. 
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Pesquisa e postagem > Nicéas Romeo Zanchett 
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A BELA ADORMECIDA





                       A BELA ADORMECIDA - Jacob e Wilhelm Grimm
 Há muitos anos atrás, havia um rei e uma rainha que desejavam muito ter um filho. Um dia, quando a rainha estava tomando banho, um sapo pulou da água e disse-lhe: 
- Seu desejo será satisfeito. Antes de um ano você terá uma filhinha. 
As palavras do sapo tornaram-se realidade. A rainha teve uma linda menina. O rei exultou de alegria. Preparou uma grande festa para a qual convidou todos os parentes, amigos e vizinhos. Convidou também as fadas, para que elas fossem  boas e amáveis para com a menina. Havia treze delas no reino, mas o rei tinha apenas doze pratos de ouro para servi-las, de modo que uma das fadas teria que ser posta de lado.
A festa realizou-se com todo o esplendor e, quando chegou a fim, cada uma das fadas ofereceu um presente mágico à criança. Uma deu-lhe virtude; outra, beleza; a terceira, riqueza, e assim por diante, foram-lhe dando tudo que ela poderia vir a desejar no mundo.  
Quando onze das fadas já haviam feito suas ofertas, de repente, apareceu a décima terceira. Ela desejava mostrar o despeito de que estava possuída por não ter sido convidada. Sem cumprimentar nem olhar ninguém, entrou no salão e gritou para que todos ouvissem:
- Quando a princesa completar quinze anos, picar-se-á com um fuso e cairá morta. 
Sem dizer mais nada retirou-se.  
Todos os presentes ficaram horrorizados. A décima segunda  fada, porém, que ainda não tinha formulado o seu desejo, deu um passo à frente. Ela não tinha capacidade para cortar o efeito da praga, mas podia abrandá-la, de modo que disse: 
- Sua filha não morrerá, mas dormirá um sono profundo,  que durará cem anos.
O rei ficou tão preocupado em livrar a filha daquele infortúnio, que deu ordens para que todos os fusos que se encontrassem  no reino fossem queimados. 
À medida que o tempo ia passando, as promessas das fadas iam se realizando. A princesa cresceu tão bonita, modesta, amável e inteligente, que todos que a viam se encantavam por ela.  
Aconteceu que, justamente no dia em que ela completava quinze anos, o rei e a rainha tiveram necessidade de sair. A menina, encontrando-se sozinha, começou a vagar pelo castelo, revistando todos os compartimentos. Finalmente chegou a uma velha torre onde havia uma escada estreita, em caracol. Por ela subindo, chegou a uma pequena porta, em cuja fechadura havia uma chave enferrujada. Dando-lhe volta, a porta abriu-se. Num pequeno quarto, estava sentada uma velhinha, muito ocupada com um fuso, fiando. Vivia tão isolada na torre, que não tomara conhecimento da ordem do rei, com relação aos fusos. 
- Bom dia, vovozinha, disse a princesa. Que está fazendo?  
- Estou fiando, respondeu a velhinha e inclinou a cabeça sobre o trabalho. 
- Que coisa é esta que gira tão depressa? perguntou a princesa, tomando o fuso na mão. 
Mal o tocou, porém, levou uma picada no dedo e, imediatamente, caiu numa cama que havia ao lado, entrando em sono profundo. A velhinha desapareceu. Quem sabe ela era a fada má? O rei e a rainha, que acabavam de chegar, deram alguns passos no vestíbulo e adormeceram também. O mesmo sucedeu com os cortesões  Os cavalos dormiram nas cocheiras; os cães, no pátio; os pombos, no telhado; as moscas, nas paredes.  Até o fogo, na lareira, parou de crepitar. A carne, que estava  assando, no fogão, parou de estalar. A ajudante de cozinha, que estava sentada, tendo à frente uma galinha para depenar, caiu  no sono. O cozinheiro, que estava puxando o cabelo do copeiro, por qualquer tolice que ele havia feito, largou-o e ambos adormeceram. O vento parou e, nas árvores em frente ao castelo, nem uma folha se mexia. À volta do muro, começou a crescer uma sebe de roseira brava. Cada ano ia ficando mais alta, até que já não se podia mais ver o castelo. 
Havia uma lenda na terra, sobre a "Bela Adormecida", como era chamada a princesa. De tempos em tempos, apareciam príncipes que tentavam fazer caminho através da sebe,  para entrar no castelo. Não conseguiam, entretanto, porque os espinhos o impediam. Ficavam presos no meio deles e acabavam morrendo. 
Após muitos anos, um príncipe muito audacioso veio à cidade e ouviu um velho falar sobre a lenda do castelo que ficava atrás da sebe, no qual uma linda moça, chamada a "Bela Adormecida", dormia havia cem anos e, com ela, todos os habitantes  do castelo. Contou-lhe também que muitos príncipes tinham tentado atravessar a sebe e nela haviam ficado presos, morrendo. 
O príncipe, então, declarou: 
- Não tenho medo. Irei e verei  a "Bela Adormecida". 
O bondoso velho fez o que pôde para impedir que ele fosse, mas o rapaz não quis ouvi-lo. 
Agora, os cem anos já se haviam completado. Quando o príncipe chegou à sebe, como por encanto, os arbustos que estavam cheios de brotos, afastaram-se e deram-lhe caminho. Após sua passagem, fecharam-se novamente. 
No pátio, ele viu os cães dormindo. No telhado, estavam os pombos, com as cabecinhas escondidas debaixo das asas. Quando entrou no castelo, viu moscas dormindo nas paredes. Perto do trono, estavam o rei e a rainha, também adormecidos. Na cozinha, o cozinheiro ainda tinha a mão levantada, como se fosse sacudir o copeiro. A ajudante de cozinha tinha à sua frente uma galinha para depenar.
O rapaz continuou a percorrer o castelo. estava tudo quieto. Finalmente chegou à torre, abriu a porta do quarto onde a princesa dormia e entrou. Lá estava ela, tão bonita que ele não se conteve: abaixou-se e beijou-a. Assim que a tocou, a "Bela Adormecida" abriu os olhos e sorriu para ele. Levantou-se, deu-lhe a mão e desceram juntos. O rei, a rainha e os cortesões acordaram também e entreolharam-se, espantados. Os cavalos, nas cocheiras, abriram os olhos e sacudiram as crinas.  Os cães olharam à volta e abanaram as caudas. As pombas do telhado tiraram as cabeças de sob as asas, olharam em redor e voaram em seguida para o campo. As moscas, na parede, começaram a  mover-se, lentamente. O fogo, na cozinha, acendeu-se novamente e assou a carne. O cozinheiro puxou as orelhas do copeiro, enquanto a ajudante depenava a galinha. 
O príncipe casou-se com a princesa, num claro dia de sol,  e viveram felizes por muitos anos. 
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Pesquisa e portagem Nicéas Romeo Zanchett 
http://gotasdeculturauniversal.blogspot.com