CATHERINE DOUGLAS
A donzela que defendeu o rei
Uma história verdadeira.
Conta a lenda que Jaime I da Escócia era um bom rei; mas quando subiu ao trono, contra a vontade de poderosos conspiradores, reinava no país a corrupção e desordem total. Para impedir que os poderosos fidalgos causassem prejuízos aos seus vassalos, teve de se mostrar muito durão e corajoso. Por esse motivo muitos fidalgos lhe tinham um ódio mortal e alguns deles, capitaneados pelo Sir Robert Graham, tramaram uma conspiração para assassinarem o rei.
No inverno, com a finalidade de celebrar uma grande festa, o rei foi à cidade de Perth acompanhado da rainha e algumas damas; alojou-se na abadia, enquanto os cavaleiros que compunham o séquito real se espalharam pela cidade, deixando-o, portanto, sem escolta que guardasse sua segurança. Os conspiradores logo aproveitaram a ocasião e, para que não houvesse a menor dificuldade em levar a bom termo a sua audácia criminosas, subornaram os criados da abadia que retiraram as trancas e fechaduras das portas. Então, numa certa noite, depois de terem os servidores do rei se retirado e estando este desarmado, a conversar com a rainha e as suas damas, ouviu-se lá fora um grande alarido, como de gente apressada que se aproximava. O rei logo percebeu que eram seus inimigos que vinham para assassiná-lo; e o pior de tudo é que não tinha como defender-se porque estava sem armas. Mas, como sabia que por debaixo daquele quarto havia um subterrâneo, arrancou algumas tábuas do chão e deixou-se escorregar pela abertura. Acabavam as damas de repor as tábuas no seu lugar, quando os traidores invadiram o quarto e, não encontrando nele o rei, procuraram-no em vão por todos os cantos. Em seguida retiraram-se.
Quando o soberano e as damas julgaram que o perigo já havia passado, estas retiraram as tábuas para que o rei pudesse sair do seu esconderijo. Mas naquele mesmo instante, ouviu-se novamente o tropel de passos que se aproximavam; é que um dos traidores lembrou da existência do tal subterrâneo e chamou a todos para voltar e verificar se o rei não estaria escondido lá.
Diante de tal situação, não havia mais tempo para colocar as tábuas no seu lugar antes da chegada dos conspiradores. A porta estava sem as trancas e fechaduras que pudessem impedir a imediata entrada; só existiam as passadeiras de ferro onde se enfiava a tranca.
Desesperada, uma das damas da rainha, clamada Catherine Douglas, correu para a porta e enfiou o próprio braço no lugar da tranca, gritando ao mesmo tempo aos amotinados que não deveriam entrar porque elas estavam despidas e não havia mais ninguém além delas naquele quarto.
Mas de nada adiantou seus apelos, os traidores forçaram a porta e quebram o braço de Catherine; entraram no quarto e, vendo que as tabuas do chão estavam soltas, desceram ao subterrâneo e lá mesmo assassinaram o rei.
Embora Catherine não tenha conseguido salvar a vida do rei, sua façanha se tornou célebre e passou a ser contada em lendas e canções por todo o pais. A partir de então passou a ser chamada de Catherine Barlass, que significa "a donzela do ferrolho", porque, com seu gesto corajoso tentou manter a porta fechada usando seu próprio braço tão frágil.
Nicéas Romeo Zanchett
NOTAS FINAIS
Conta-se que esta é uma história verídica que ocorreu na Escócia no dia 20 de fevereiro de 1437. Catherine era uma das damas da rainha que, mais tarde ficou conhecida como "kate Barlass, por sua bravura, na tentativa de salvar a vida do rei.
Em seu poema, o escritor Dante Gabriel Rossetti, sob o título de "Tragédia do Rei" contou a história de Catherine Douglas no versículo em 1881. Ha uma linha que diz: "Catherine, mantenha a porta!".
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