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sexta-feira, 21 de julho de 2023

O PEQUENO POLEGAR - Adaptação Nicéas Romeo Zanchett

 



            Esta é a  história de sete irmãos contada por Charles Perrault. 
O caçula era chamado de Pequeno Polegar. Tão esperto e inteligente que com ele ninguém podia. Até mesmo a força bruta sabia como vencer. facilmente. 

             Era uma vez um lenhador que tinha sete filhos homens. O maior tinha doze anos, o caçula seis e se chamava Pequeno Polegar. Este era muito pequenino. Quando nasceu tinha o tamanho de um dedo polegar, por isso lhe deram esse nome. O Pequeno Polegar não falava muito, mas em compensação sua cabecinha não parava de pensar. Embora fosse o menorzinho, ele era o mais esperto dos irmãos. 

          O lenhador era muito pobre e não tinha meios de sustentar os sete filhos. Por isso combinou com sua mulher levá-los para floresta e deixá-los lá, pois diziam que havia um gênio que cuidava das crianças que se perdiam no mato. O Pequeno Polegar, escondido debaixo do banco, ouviu aquela conversa. Como gostava muito dos pais, não queria ficar longe deles e então traçou um plano. Esperou quando todas estivessem dormindo, saiu bem quietinho e foi para o riacho que passava perto da casa e recolheu uma porção de pedrinhas brancas. Na manhã seguinte toda a família do lenhador saiu para cortar lenha no mato. Enquanto todos andava, o Pequeno Polegar foi deixando cair as pedrinhas brancas, para marcar o caminho. 

          Os irmãos do Pequeno Polegar trabalhavam animados cortando lenha. Enquanto isso, o lenhador e a mulher se afastaram silenciosamente sem que os filhos percebesse. Em seguida voltaram para casa por um caminho desconhecido das crianças. Horas depois, os irmãos deram pela falta dos pais. 

         - Eles devem voltar logo - disse um dos meninos. Decerto foram recolher lenha mais adiante.    

           À tardinha, como os pais não apareceram, os meninos  ficaram muito assustados:
           - Que faremos sozinhos aqui no mato? 
           - Não tenham medo - disse o Pequeno Polegar. -  Venham comigo. Eu os levarei de volta para casa. 
 
           Você? Ora, o menorzinho de todos... Como vai conseguir isso? Nenhum de nós conhece  o caminho de volta!
            Não se preocupem. Vocês vão ver como chegaremos em casa. 

             Seguindo as pedrinhas brancas, o Pequeno Polegar  conduziu os irmãos para casa, sem errar o caminho.

           Quando o Lenhador e a mulher viram os meninos de volta, decidiram levá-los novamente ao mato no dia seguinte. O Pequeno Polegar, também desta vez ouviu a conversa dos pais. Tratou de ir recolher pedrinhas brancas no riacho... mas não pode sair de casa. A porta estava fechada com um cadeado tão grande  e pesado, que ele não conseguiu abri-la. 

           Na manhã seguinte, quando saíram para o mato, o Pequeno Polegar levou o pão que a mãe lhe dera. Em vez de comê-lo, foi deixando cair pedacinhos pelo chão enquanto caminhava. Acontece que no mato havia muitos passarinhos... E à medida que os pedacinhos de pão iam sendo deixados pelo menino, os passarinhos iam comendo um a um! Assim, naquela tarde, os sete meninos não conseguiram encontrar o caminho de volta para casa e se perderam no mato.

            O pior foi que começou a chover, uma chuva bem forte que logo deixou as crianças molhadinhas.  
            O Pequeno Polegar subiu numa árvore para ver se avistava a casa dos pais, à luz dos relâmpagos. 


             Depois de muito olhar em todas as direções, o Pequeno Polegar viu, ao longe, uma casa enorme.
             - Parece um castelo - disse ele aos irmãos. - É escuro e feio, mas, não vejo nenhum outro abrigo!

           O Menino desceu das árvore e os sete irmãos de dirigiram ao casarão que ele avistara, lá de cima.


         Naquela casa morava um gigante feiticeiro.  Quando os irmão bateram à porta, a mulher dele veio abrir. 


          - Oh! Sete meninos! Deus meu, aqui mora um gigante feiticeiro! Se ele vê vocês, come todos num só bocado! Vamos embora, depressa! 
           - Mas estamos com frio... Está chovendo tanto! = suplicou o Pequeno Polegar. 

            A mulher do feiticeiro ficou com pena dos meninos e mandou-os entrar. 
            - Venham secar as roupas perto do fogo. 

            Meu marido não está em casa, e talvez demore um pouco para voltar.

            Os meninos agradeceram e entraram. Mas nem tinham ainda acabado de secar as roucas e o feiticeiro bateu à porta: 
Quatro batidas acabo de dar, 
estou com fome e todo molhado, 
Abre, mulher, quero me enxugar
e um carneiro inteiro comer assado.

            Mais que depressa, a mulher escondeu as crianças embaixo das camas.

              - Fiquem quietinhos, não façam barulho - recomendou ela. 

              E o feiticeiro entrou, e                   
Eu sou o gigante comilão. 
Vejam o tamanho desta pança.
Pra minha fome é pouco um caldeirão, 
mas gosto mesmo é de crianças: 
assadas bem gordinhas, várias delas,
com batatas e mais frituras, 
ou cozidas nas panelas
São mesmo uma gostosura. 
>
Bem que atino
aqui perto, aqui perto
(sou mesmo muito esperto)
sinto cheiro de menino. 

                - Ah, cá estão eles! Sete meninos!

               - Venham cá, quero comê-los! Como são apetitosos...
               E o gigante pegou na mão o Pequeno Polegar. A mulher assustada,  falou: 
           - Mas eles são tão magrinhos... Você não acha melhor esperar que engordem um pouco? 
 

             - Tem razão, mulher -respondeu o gigante. 
               - Prepare um bom jantar para estes garotos...
            Você sabe que gosto de meninos bem gordinhos!

           Mais que depressa a mulher obedeceu. 

          Depois do jantar, o gigante ordenou que a mulher vestisse um gorro em cada menino e pusesse todos na cama para dormirem. 

            - Mas onde? - perguntou a mulher. - Não temos quarto desocupado!
             - Ora, ponha-os no quarto de minhas queridas filhas - respondeu ele. 

            O gigante feiticeiro tinha sete filhas ainda pequenas. Não eram bonitas. Todas eram dentuças, como o pai. Mas justamente por serem parecidas com ele, o gigante as achava lindas e fazia questão de que se vestissem muito bem. Queria que as filhas parecessem princesas, por isso elas usavam coroas na cabeça. Não as tiravam nem para dormir!
 
               O Pequeno Polegar, muito esperto, prestou atenção às coroinhas e ficou pensando no assunto. Quando todos estavam dormindo, ele levantou bem quietinho e trocou as coroas das meninas pelos gorros de seus irmãos. 
          - Em feiticeiro não se pode confiar - pensava ele. - Finge de bom, mas...

           As suspeitas do Pequeno Polegar eram justas, Quando bateu meia-noite, o gigante entrou no quarto. Pretendia degolar os meninos para comê-los no dia seguinte. Tocou com a mão a cabeça deles, sentiu as coroas e pensou que fossem suas filhas. Passou para a outa cama, sentiu os gorros, mas, para certificar-se, passou a mão sobre a boca das meninas e...
          - Ora, estas são minhas lindas filhas dentuças! - gritou ele, já zangado, e voltou-se para a cama dos meninos: - Vocês fizeram uma troça, seus malandros! Mas não me escapam!

            Os meninos já tinham acordado com o barulho.  E mais que de pressa saltaram da cama e saíram correndo. 

             Como os meninos eram muitos, o gigante se atrapalhou e, antes que pudesse pegá-los, todos já tinham fugido. O gigante feiticeiro correu atrás deles, mas os meninos eram muito espertos e e sempre perdia de vista, porque era noite e estava escuro. Cansado, o gigante acabou dormindo ali mesmo no campo. 

Os sete meninos aproveitaram a oportunidade: pularam o muro de uma casa velha e se esconderam lá dentro. 

           O gigante estava com sono, porque naquela noite não tinha dormido.  Quando acordou, não viu nem sinal dos meninos. Ficou furioso e praguejou:
            - Maldito sono, que me derruba quando mais preciso estar acordado! Aqueles magricelas sumiram! Mas não há de ser nada; volto para casa, calço minhas botas de sete léguas, e percorro toda a região. Eles não hão de me escapar!

             O gigante foi para casa e calçou suas botas de sete léguas. 

                 Depois saiu, furioso por ter perdido a pisa dos meninos. Corria subindo montanhas e atravessando rios com a maior rapidez. Com aquelas botas mágicas, a cada passou que dava, andava sete léguas!  
           O gigante percorreu todos os campos, vales e montanhas do lugar. Olhava em todos os cantos, atrás de cada árvore, de cada pedra, até debaixo d ponte ele procurou os meninos. Mas não conseguiu encontrá-los, porque dento das casas, que não eram dele, o gigante não podia entrar.  Ele correu durante várias horas, até que não aguentou mais. Exausto, caiu no chão, bem perto da casa onde os sete  meninos estavam escondidos. Dai a pouco o gigante dormiu tão profundamente que roncou alto. O Pequeno Polegar ouviu e, devagarinho, bem quietinho, saiu do esconderijo e aproximou-se dele. 
 
           O Pequeno polegar, sempre muito esperto, calçou as botas de sete léguas e com dois passos chegou à casa do gigante. Bateu à porta e a mulher veio abrir. 
          - Depressa! - disse ele. - Seu marido foi aprisionado por um bando de malfeitores. Para soltá-lo eles querem um resgate em ouro e pedras preciosas. O gigante mandou-se para buscar o tesouro que está escondido aqui. Para andar depressa deu-me as botas dele, está vendo? Se eu não levar o tesouro bem depressa, os malfeitores o matarão. 

          Vendo que o menino estava mesmo com as botas de sete léguas, a mulher acreditou e entregou o tesouro dentro de uma sacola. 

Pra casa ele vai
de botas de sete léguas.
Salta e não cai
levando os irmãos. 
Pelos campos ele vai 
por cidades a passar, 
corre e não cai
nosso Pequeno Polegar. 

           Quando o Pequeno Polegar e seus irmãos chegaram em casa levando toda aquela riqueza, seus pais os receberam com grande alegria. 

            - O gênio da floresta devolveu nossos filhos com uma fortuna! Que bom! Agora vamos viver sempre jutos e felizes. 

Graças à esperteza 
do Pequeno Polegar 
foi vencida a malvadeza
e voltaram para o lar. 
Com o tesouro trazido 
vivem agora em paz. 
Polegar muito sabido
continua um bom rapaz. 

Adaptação: Nicéas Romeo Zanchett 

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