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quarta-feira, 27 de abril de 2011

SINDBAD - O MARIHEIRO


                                     SINDBAD  -  O MARINHEIRO
Sindbad estava sentado, descansando na sua nova casa em Bagdad, que havia construido recentemente, quando ouviu um pobre carregador de rua dizer:
- Os homens não recebem a recompensa conforme merecem. Tenho trabalhado mais do que Sindbad e, no entanto, ele vive no luxo e eu na miséria.
Comovido com a queixa do carregador de rua, Sindbad convidou-o para entrar e ouvir a história de suas aventuras.
- Talvez quando souberes o que passei para adquirir minha riqueza, disse-lhe Sindbad, fique mais contente com a sua sorte. Repare no meu cabelo branco e minha cara já gasta; até pareço um velho. Eu era jovem e forte quando embarquei para tentar fazer minha fortuna  em países estranhos.  Saiba que, pouco depois de partirmos, o nosso navio foi apanhado por uma calmaria numa pequena ilha. Quando desembarcamos para examinar de perto, descobrimos que aquilo não era terra e sim o dorso de uma grande baleia.  Mal pusemos os pés para descer e ela começou a sacudir-se e logo mergulhou para o fundo do mar.  Ficamos todos assustados, nos debatendo e procurando algo para nos salvar do afogamento.  Agarrei-me a um grande pedaço de madeira e a corrente marítima acabou me conduzindo à praia de uma ilha deserta.
- Já na ilha, imaginei que estaria salvo, mas ao caminhar algumas léguas fui dar num grupo de arvores frutíferas, entre as quais estava escondida uma grade bola branca de uns cincoenta pés de tamanho.  Eu já estava muito cansado, por isso, depois de comer alguns frutos, deitei-me para dormir à sombra da bola branca. Já estava cochilando quando, ao olhar para o alto, vi que o céu estava escuro  pelas asas de uma ave gigante.  
- Céus! exclamei. Esta grande bola branca é o ovo daquela ave monstruosa, que os marinheiros chamam de Roc.
Em seguida o Roc pousou sobre o ovo, debaixo do qual eu estava, e uma das suas garras, que era do tamanho do tronco de uma arvore, prendeu-se em mim.
No dia seguinte, de manhã bem cedo, o Roc levantou voo e levou-me a tal altura que eu já nem via mais a terra. Depois desceu com tanta velocidade que por pouco eu não perdi os sentidos. Quando ele passou perto do chão consegui soltar-me  da sua garra, e vi então que estava num vale muito profundo, cercado de montanhas altíssimas e íngremes  por todos os lados.
- Aquele era o vale dos diamantes!  todo o chão estava coberto de pedras preciosas. Cheio de alegria, comecei encher meus bolsos  com quantas pedras podia. Mas minha alegria durou pouco, pois o vale estava cheio de serpentes e eu não sabia como sair dali.
Em seguida escondi-me numa caverna e tapei a entrada com um pedregulho, mas não pude dormir nada devido ao sibilar das serpentes.  De madrugada elas desapareceram, pois tinham medo do Roc, que costumava ir ao vale em busca de alimento. Então saí da caverna, mas logo fui derrubado por uma coisa qualquer que vinha aos trambulhões montanha abaixo. Era um grande pedaço de carne fresca que, à medida que ia rolando, nele se grudavam os diamantes que estavam no seu caminho, como se fosse uma bola de neve. Então olhei para cima e vi que no alto da montanha havia um grupo de homens que se preparava para atirar outro pedaço de carne.  Eu já tinha houvido falar dessa forma de catar diamantes e naquele momento me parceu ser também uma boa forma para me salvar.
- Então, atei-me ao pedaço de carne, escondendo-me debaixo dele. Pouco depois apareceu uma águia que agarrou a carne e levou-me junto para o alto da montanha. Em seguida, o grupo de homens afugentou a águia e virou a carne para tirar os diamantes que nela estavam grudados. Foi assim que me encontraram.
Quando os homens tinham tirado todos os diamantes que queriam, embarcamos de volta par nosso país. Mas, ao passar  pela ilha deserta, os meus companheiros  desembarcaram com um machado e abriram a grande bola branca. Ouviu-se um grande grito no céu. Era o Roc que tinha nos visto. Todos desataram a correr em direção ao navio, mas o Roc nos seguiu segurando nas garras um grande pedaço de pedra que deixou cair sobre o nosso navio. Acabamos todos caindo no mar.
Agarrei-me com uma mão num pedaço de madeira  do navio e com a outra fui nadando conforme podia, até que consegui chegar a uma outra ilha.
- Era um lugar maravilhoso! rios corriam entre os vinhedos carregados de uva e pomares com diversas espécies de fruta. Ali encontrei um velho muito esquisito que me fez sinal para levá-lo às costa na travessia do rio. Mas, mal eu o coloquei nas costas e ele cruzou as pernas  em volta do meu pescoço,  e foi apertando até que desmaiei.  Quando acordei  vi que ele ainda estava a cavalo nos meus obros. Assim ficou todo o dia e a noite, permanecendo até a manhã seguinte.
A partir daquele dia ele me tornou seu escravo. Quando fiz algum vinho para beber e não perder as forças, ele o tomou de mim e bebeu tudo. Felizmente o vinha era forte de mais para ele que então descruzou as pernas e me soltou no chão. Então, para me livrar dele definitivamente, eu o matei ali mesmo.
Voltando à praia, encontrei alguns marinheiros que me trouxeram de volta para Bagdad.
-Mais tarde fiquei sabendo que aquele era o velho do mar e que eu tinha sido o primeiro  a escapar de ser estrangulado por ele.
- E agora, meu caro amigo, não achas que sou merecedor da minha fortuna?, disse-lhe Sindbah, dando-lhe um bom e valioso presente.
E o entregador de rua foi-se embora todo feliz para nunca mais julgar sem saber a verdade.
Pesquisae  adaptação. 
Nicéas Romeo Zanchett
http://gotasdeculturauniversal.blogspot.com/

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